Sessão Assíncrona


SA6.1 - AGENDA 2030, APS E SAÚDE GLOBAL (TODOS OS DIAS)

42916 - COBERTURA VACINAL INFANTIL NA GUINÉ-BISSAU: TENDÊNCIAS E DESIGUALDADES RELATIVAS À RENDA
BEATRIZ RAFFI LERM - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, YANICK SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL, BIANCA O CATA-PRETA - CENTRO INTERNACIONAL DE EQUIDADE EM SAÚDE, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, CAMILA GIUGLIANI - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


Apresentação/Introdução
A Guiné-Bissau é um país marcado por instabilidade política e desigualdades em saúde e pertence à região da África Ocidental e Central, que apresenta maior taxa de mortalidade de menores de cinco anos no mundo e a menor cobertura de imunização infantil. Alinhado aos ODS, a OMS firmou o Plano de Imunização até 2030, que inclui como estratégia a provisão de acesso equitativo à vacinação.

Objetivos
Analisar tendências na cobertura vacinal completa (CVC) e suas desigualdades de acordo com renda na Guiné-Bissau.

Metodologia
Foram utilizados dados da pesquisa Multiple Indicator Cluster Survey (MICS) de Guiné-Bissau, de 2006, 2014 e 2018. Definiu-se CVC como a porcentagem de crianças entre 12-23 meses que receberam uma dose de BCG e sarampo e três doses de DTP e Poliomielite Oral. O Índice Absoluto de Desigualdade (SII) foi calculado através de regressão logística, e é expresso em uma escala de -100 a +100, onde 0 representa igualdade e valores negativos representam uma maior cobertura nos mais pobres. Para estimar a mudança anual dos indicadores de imunização no nível nacional e nos extremos dos quintis de riqueza, foi ajustado um modelo de regressão linear utilizando mínimos quadrados ponderados.

Resultados
Foram incluídas 4.267 crianças no estudo. A CVC na Guiné-Bissau subiu de 48,7% (IC 95% 44,4-53,1) em 2006 para 68,8% (IC 95% 64,7-72,6) em 2014 e 69,8% (IC 95% 66,2-73,2) em 2018, representando um aumento de 1,8 pp./ano (IC95% 1,3-2,3). As vacinas contra Poliomielite e DTP foram as que mais influenciaram neste incremento. Devido ao maior aumento da CVC nas crianças mais pobres (2,2pp./ano; IC95% 1,5-3,0) comparada com as mais ricas (1,0pp./ano; IC95% 0,0-2,0), houve redução da desigualdade entre 2006 (SII= 23,5pp.; IC95% 11,3-35,6) e 2014 (SII= 10,4pp.; IC95% -2,9-23,7), com estabilização após este período.

Conclusões/Considerações
Apesar da redução das desigualdades, a CVC nacional continua baixa deixando a população mais pobre vulnerável. Faz-se necessário otimizar os esforços já realizados, priorizar o fortalecimento da atenção primária e prezar pela soberania do país, para se obter uma cobertura vacinal total. A análise aqui apresentada pode ser replicada para outros países e é recomendada para embasar políticas públicas que efetivamente não deixem ninguém para trás.