Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC6.3 - MULHER E VIOLÊNCIA

40295 - MANEJO MENSTRUAL DE MIGRANTES VENEZUELANAS NO BRASIL
THAIZA DUTRA GOMES DE CARVALHO - ENSP/FIOCRUZ, YAMMÊ RAMOS PORTELLA SANTOS - ENSP/FIOCRUZ, MARIA DO CARMO LEAL - ENSP/FIOCRUZ, PAULA ANDREA MORELLI FONSECA - FIOCRUZ AMAZÔNIA


Apresentação/Introdução
Nos últimos anos o Brasil e países vizinhos da América Latina receberam uma crescente migração de venezuelanos devido à crise que assolou seu país de origem. A pobreza menstrual, caracterizada pela falta de recursos para higiene, manejo da menstruação e infraestrutura adequada, ainda é pouco estudada na população migrante.

Objetivos
Este trabalho teve como objetivo conhecer o manejo menstrual das mulheres migrantes venezuelanas durante o percurso migratório e no Brasil.

Metodologia
Foram utilizados os dados da pesquisa ReGHID - Necessidades e desafios relativos à saúde sexual e reprodutiva de mulheres migrantes que entrevistou 2012 mulheres venezuelanas em idade reprodutiva que migraram para o Brasil entre os anos de 2018 e 2020. As mulheres foram amostradas utilizando o método Respondent Driven Sampling que, após sucessivos ciclos de recrutamento e a correção do desenho amostral complexo, torna a seleção semelhante à de uma amostra aleatória simples. As variáveis utilizadas foram as de características sociodemográficas e as referentes a menstruação. Foram calculadas frequências relativas. Para todos os resultados foi incorporada a complexidade da amostra.

Resultados
Entre as migrantes venezuelanas, 91,7% afirmaram ter acesso a produtos de higiene para menstruação e o mais utilizado é o absorvente descartável (70,8%). Com relação ao acesso aos produtos, 41,2% delas afirmaram ter comprado, 34,6% receberam doação, 9,2% conseguiram através de Organizações Não Governamentais (ONG) e 9,0% através de serviços de saúde pública. 97,3% estavam satisfeitas com o produto utilizado. Durante o percurso migratório, 21,9% ficaram menstruadas. Com relação ao manejo menstrual no percurso: 69,1% teve acesso à água potável; 71,9% à sabão e outros; 63,0% à privacidade para higiene; 67,6% relataram ter tido dor e 11,7% dificuldade em atividades específicas.

Conclusões/Considerações
Observou-se que as migrantes venezuelanas possuem acesso a produtos para higiene menstrual, muito embora não sejam fornecidos pelo Sistema Único de Saúde. A falta de infraestrutura e acesso a produtos de higiene foi frequente durante o trajeto migratório. Esse é um tema pouco explorado, principalmente na população migrante e requer atenção.