Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC5.19 - MOBILIZAÇÃO SOCIAL E SOLIDARIEDADE: RESPOSTAS NA PANDEMIA DE COVID-19

43885 - ESTRATÉGIAS SOLIDÁRIAS PARA SOBREVIVÊNCIA: DADOS QUALITATIVOS DA PESQUISA “EU QUERO É MAIS” SOBRE TRABALHADORAS SEXUAIS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
MI DE OLIVEIRA FURQUIM DOS SANTOS - FSP/USP, DANIEL DUTRA BARROS - FCMSC-SP, PAULA GALDINO CARDIN DE CARVALHO - FCMSCSP, FERNANDA MARIA VIEIRA RIBEIRO - IFMA, MARIA AMÉLIA DE SOUSA MASCENA VERAS - FCMSCSP, SILVANA DE SOUZA NASCIMENTO - FFLCH/USP, JOSÉ MIGUEL NIETO OLIVAR - FSP/USP


Apresentação/Introdução
O estigma histórico da prostituição produz discriminação contra as trabalhadoras sexuais, gerando desigualdades, altos níveis de violências e impactos na saúde deste grupo. O presente relato deriva da etapa qualitativa da pesquisa “Eu Quero É Mais”, integrante da iniciativa EPIC, coordenada pela Coalition PLUS, que buscou documentar o impacto da COVID-19 em grupos historicamente vulnerabilizados.

Objetivos
Estudar como a COVID-19 afetou a vida e a saúde de mulheres cisgênero, mulheres trans e travestis que são trabalhadoras do sexo, e conhecer as respostas comunitárias produzidas neste período.

Metodologia
A EPIC foi realizada em 33 países, com o objetivo de documentar o impacto da COVID-19 em grupos vulnerabilizados à hepatite C e ao HIV. No Brasil, o estudo foi transversal e de base comunitária. A etapa qualitativa da pesquisa contou com um grupo de 11 pesquisadoras/es que realizaram, entre os meses de julho e outubro de 2021, entrevistas em profundidade, relatos etnográficos e histórias de vida de 50 trabalhadoras sexuais (19 mulheres cisgênero e 31 travestis e mulheres trans), com idades entre 21 e 78 anos. As atividades foram realizadas em 11 cidades: Campinas e São Paulo/SP, São Luís/MA, Brasília/DF, Porto Alegre/RS, Uberlândia e Belo Horizonte/MG, Belém/PA, Recife/PE, Natal/RN e Salvador/BA.

Resultados
Para sobreviver, algumas das participantes relataram que se mantiveram trabalhando na pandemia, mesmo diante dos riscos de adoecimento. Elas relataram também uma economia de solidariedade (ajudas, auxílios e assistências) produzida no decorrer da pandemia como ponto central para um mínimo sustento. Algumas ajudas vieram de igrejas, coletivos, ONGs e serviços assistenciais, além do auxílio emergencial do governo. A cesta básica de alimentos foi o item mais citado nesta economia de troca. Muitas “Ficar em casa” também foi descrito como importante forma de tensão e angústia, seja porque algumas tinham o trabalho sexual como segredo e/ou seja por maiores violências por parte de seus companheiros.

Conclusões/Considerações
Redes solidárias foram imprescindíveis no combate às desigualdades que a pandemia intensificou. Para trabalhadoras sexuais, especialmente mulheres trans e travestis, a rua é um lugar de sustento e sociabilidade. Assim seguir as orientações sobre "ficar em casa" se constitui numa importante ameaça aos aspectos de saúde e de sustento para este grupo. Trazer as trabalhadoras sexuais para a elaboração de políticas e ações em situações de crise é fundamental.