Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC5.16 - ÓBITOS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 E FATORES RELACIONADOS

43759 - FATORES SOCIOECONÔMICOS COMO DETERMINANTES NA INTERNAÇÃO E ÓBITO POR COVID-19 NO BRASIL
GABRIELA DRUMMOND MARQUES DA SILVA - INSTITUTO RENÉ RACHOU, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (IRR- FIOCRUZ), ANELISE ANDRADE DE SOUZA - ESCOLA DE NUTRIÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO (UFOP), MÔNICA SILVA MONTEIRO DE CASTRO - INSTITUTO RENÉ RACHOU, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (IRR- FIOCRUZ), WANESSA DEBÔRTOLI DE MIRANDA - ESCOLA DE ENFERMAGEM, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG), LETICIA LEMOS JARDIM - INSTITUTO RENÉ RACHOU, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (IRR- FIOCRUZ), RÔMULO PAES DE SOUSA - INSTITUTO RENÉ RACHOU, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (IRR- FIOCRUZ)


Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 comportou-se de forma desigual entre e no interior dos países. Vários estudos internacionais observaram a forte correlação entre determinantes socioeconômicos e o desfecho da doença. No Brasil, foram observadas variações geográficas nos municípios, sendo importante compreender os efeitos das desigualdades socioeconômicas na potencialização ou mitigação dos efeitos da pandemia.

Objetivos
Avaliar a contribuição das desigualdades socioeconômicas na distribuição de internações e de óbitos por Covid-19 no Brasil, controlando por outros fatores, tais como infraestrutura hospitalar, distribuição por sexo, faixa etária e comorbidades.

Metodologia
Estudo ecológico transversal sobre as internações e óbitos por COVID-19 nos municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, entre março de 2020 e 31 de dezembro do mesmo ano. A análise estatística foi feita por meio de um modelo linear generalizado, com internações e óbitos por Covid-19 modelados segundo uma distribuição Binomial Negativa. O logaritmo da média dessa distribuição foi definido como uma função linear das variáveis de controle e das variáveis socioeconômicas, tendo a população residente no município como variável offset.

Resultados
Maior taxa de internação em locais com maior proporção da população com auxílio emergencial (IRR1,08, IC95% 1,01-1,16) e em aglomerados subnormais (IRR1,08, IC95% 1,01-1,16). Maior taxa de mortalidade onde há maior população não branca (IRR1,08, IC95% 1,01-1,16), em aglomerados subnormais (IRR1,15, IC95% 1,09-1,21) e domicílios com mais de duas pessoas por cômodo (IRR1,07, IC95% 1,01-1,13). A presença de esgotamento sanitário foi protetiva (internações IRR0,93, IC95% 0,87-0,99; óbitos IRR0,94, IC95% 0,90-0,99). O auxílio reduziu o efeito da presença de aglomerados subnormais, por meio da interação entre essas variáveis (internação IRR0,94, IC95% 0,88-1,00; óbitos IRR0,94, IC95% 0,89-0,98).

Conclusões/Considerações
Resultados indicam associação entre as condições socioeconômicas e adoecimento e morte por COVID-19. O enfrentamento das desigualdades em saúde está vinculado ao enfrentamento dos determinantes sociais da saúde. A pandemia explicitou a estrutura da desigualdade social no Brasil e apresentou seus efeitos mais perversos sobre as populações vulnerabilizadas.