Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC5.13 - SAÚDE MENTAL E TRABALHADORES: DEBATES SOBRE IMPACTOS DA COVID-19

39823 - A SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES DA SAÚDE NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19 NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. HEROES STUDY
MARCOS HENRIQUE OLIVEIRA SOUSA - FMUSP/UFPE, ANDRÉA TENÓRIO CORREIA DA SILVA - FMUSP/FASM


Apresentação/Introdução
A COVID-19 impactou na saúde mental das populações, em especial, sobre os trabalhadores da saúde. Estes profissionais foram expostos a novos fatores estressores no trabalho. Apesar dos estudos identificarem fatores estressores relacionados ao trabalhar no setor saúde durante a pandemia, raros estudos investigaram exposição à violência sofrida pelos profissionais da saúde no contexto pandêmico.

Objetivos
Estimar a frequência de transtornos mentais comuns (TMCs) e investigar as associações entre aspectos do trabalho e TMCs em trabalhadores da atenção primária à saúde (APS) no contexto da pandemia da COVID-19 no município de São Paulo.

Metodologia
Estudo quantitativo que analisou os dados da linha de base da pesquisa longitudinal The COVID-19 healthcare workers: HEROES study. A amostra foi composta por 815 trabalhadores de 26 unidades básicas de saúde. Para o TMC, utilizou-se o questionário validado para o Português do Brasil General Health Questionnaire – 12, aqueles com escore igual ou maior que 5 pontos foram considerados casos de TMCs. Foi investigada a exposição à violência ou à discriminação por ser trabalhador de saúde no contexto da pandemia e ter sofrido insulto/agressão por parte dos familiares dos pacientes. Para análise das associações entre as variáveis, foi utilizado a regressão de Poisson com variância robusta.

Resultados
A frequência de TMCs foi de 35,3%. O acesso ao equipamento de proteção individual (EPI) foi considerado insuficiente por 44,2% dos participantes. Já a exposição aos tipos de violência, 51,5% relataram sofreram discriminação, 11,4% foram vítimas de violência e 23,4% sofreram insulto/agressão por parte de familiares de pacientes. Maior risco de TMCs foi observado em participantes com acesso insuficiente a EPI (pouco insuficiente 1,33; IC95% 1,08-1,65 e muito insuficiente RPajustado 1,72; IC95% 1,36-2,17) e em trabalhadores da APS exposto a no mínimo dois tipos de violência (RPajustado para dois episódios = 1,80; IC95% 1,39-2,32; RPajustado para três episódios = 2,05; IC95% 1,51-2,79).

Conclusões/Considerações
Encontramos alta frequência de TMCs em trabalhadores da APS no contexto da pandemia da COVID-19. Os gestores da saúde devem elaborar ações que reduzam a falta de acesso a EPI e programas voltados a redução da violência contra trabalhadores da saúde.