Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC5.8 - SEGURANÇA ALIMENTAR, PROTEÇÃO SOCIAL E TERRITÓRIOS: EFEITOS DA PANDEMIA DE COVID-19

43692 - INSEGURANÇA ALIMENTAR E SINTOMAS DE TRANSTORNO DE SAÚDE MENTAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: EFEITO MEDIADO PELA QUALIDADE DO SONO
THAÍS DA SILVA SABIÃO - UFOP, LUIZ ANTÔNIO ALVES DE MENEZES JÚNIOR - UFOP, RAQUEL DE DEUS MENDONÇA - UFOP, ADRIANA LÚCIA MEIRELES - UFOP, GEORGE LUIZ LINS MACHADO COELHO - UFOP, JÚLIA CRISTINA CARDOSO CARRARO - UFOP


Apresentação/Introdução
A insegurança alimentar (IA), definida como ausência de acesso físico e regular à alimentação, tem sido consistentemente associada aos transtornos mentais comuns como, a ansiedade e depressão. A IA é um importante determinante social da saúde e tem implicação na qualidade do sono e presença de comorbidades. Esses dois fatores podem interferir na associação entre IA e sintomas de transtorno mental.

Objetivos
Avaliar a associação da IA com os sintomas de transtorno de ansiedade (STA) e de depressão (STD) durante a pandemia de covid-19, e o efeito mediado pela qualidade do sono e presença de comorbidades.

Metodologia
Inquérito de base populacional, chamado COVID- Inconfidentes, foi realizado em Ouro Preto e Mariana- MG de outubro a dezembro de 2020. A IA foi avaliada pela EBIA. Os STA e STD foram avaliados pela GAD-7 e PHQ-9, respectivamente. A presença de comorbidades foi autorreferida e a má qualidade do sono foi avaliada pela escala de Pittsburgh. Realizou-se estatísticas descritivas, modelo logístico ajustado por idade, sexo e renda familiar e análise de mediação pelo método de Karlson Holm Breen.

Resultados
Foram entrevistados 1693 indivíduos, sendo 51,1% do sexo feminino, com média de idade de 43,4 anos (IC95% 42,1 - 44,7). A prevalência de STA foi 23,3%, de STD foi 15,6% e de IA foi de 37,5%. Indivíduos em IA tiveram 2,2 vezes mais chances de ter STA (p=0,006, IC95%: 1,2 - 3,8); 32,3% desse efeito foi mediado pela qualidade do sono e comorbidades, sendo que deste percentual a qualidade sono contribuiu com 47,1%. Além disso, indivíduos em IA tiveram 4,7 vezes mais chances de ter STD (p<0,001, IC95%: 2,6 - 8,2); 29,1% desse efeito foi mediado pela qualidade do sono e comorbidades e deste percentual a qualidade sono contribuiu com 66,2%.

Conclusões/Considerações
A IA foi altamente associada aos STD e STA e parte desse efeito foi mediado preponderantemente pela qualidade do sono. Coletivamente, os resultados indicam que os indivíduos em IA podem estar mais vulneráveis aos STD e STA e que existem condições de saúde que interferem nessa associação. Assim, as políticas públicas de combate à IA devem ser ampliadas com foco na redução das disparidades econômicas, de saúde e maior assistência social.