Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC5.8 - SEGURANÇA ALIMENTAR, PROTEÇÃO SOCIAL E TERRITÓRIOS: EFEITOS DA PANDEMIA DE COVID-19

40732 - SEGURANÇA ALIMENTAR DAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS QUILOMBOLAS DA FAIXA LITORÂNEA DA PARAÍBA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
CAROLLINE DE ARAÚJO MARIZ - IAM/FIOCRUZ-PE, RAFAELA DOMINGOS DA CUNHA - IAM/FIOCRUZ-PE, LARISSA JANIELE MOURA DOS SANTOS - UFPB, CYNTHIA BRAGA - IAM/FIOCRUZ-PE


Apresentação/Introdução
As comunidades quilombolas constituem o símbolo mais expressivo da resistência e opressão histórica vivenciada pelo povo negro no Brasil. Durante a pandemia de COVID-19, essas comunidades estiveram ainda mais ameaçadas devido às iniquidades sociais resultantes dos desmontes das políticas sociais, incluindo os programas de segurança alimentar e nutricional.

Objetivos
Investigar as características sociodemográficas e a segurança alimentar das famílias de crianças menores de 10 anos de idade, em quatro comunidades quilombolas da faixa litorânea da Paraíba, durante a pandemia de COVID-19.

Metodologia
Estudo seccional, de base populacional, foi conduzido nas comunidades de Ipiranga, Gurugi I e Mituaçu, no município do Conde; e de Paratibe, na cidade de João Pessoa, a capital do estado da Paraíba. Informações socioeconômicas e de segurança alimentar, através da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, de todas as famílias das crianças menores de 10 anos de idade residentes nas áreas de estudo, foram obtidas por meio de entrevista. A entrada dos dados foi realizada na plataforma REDCap. Realizou-se análise descritiva quando foram calculados frequência absoluta e percentuais, para as variáveis categóricas, e médias e desvios-padrão, para as variáveis contínuas.

Resultados
Do total de 253 domicílios visitados, 73 (28,8%) pertenciam à comunidade quilombola de Paratibe, 48 (18,9%) Gurugi I, 94 (37,2%) Mituaçu e 38 (15,0%) Ipiranga. A média de moradores por domicílio foi de 4,1±1,3. Apenas 28,5% dos domicílios estavam conectados à rede pública de abastecimento de água e 95,6% possuíam a fossa rudimentar como principal destino dos dejetos. Em torno de 80% das famílias recebia algum tipo de auxílio governamental. Constatou-se situação de insegurança alimentar em mais de 90% das famílias e cerca de 30% delas se encontrava em estado de insegurança alimentar moderada/grave. Houve relato de casos de COVID-19 em todas as comunidades quilombolas.

Conclusões/Considerações
Os resultados demonstraram precárias condições de vida e vulnerabilidade social das famílias de crianças quilombolas da faixa litorânea da Paraíba, as quais foram agravadas pelo contexto da pandemia de COVID-19. A situação de insegurança alimentar vivenciada pela maioria das famílias reforçam a necessidade da implementação de estratégias multissetoriais que extrapolem o campo da saúde, como a melhoria da infraestrutura sanitária e eliminação da pobreza.