Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC5.8 - SEGURANÇA ALIMENTAR, PROTEÇÃO SOCIAL E TERRITÓRIOS: EFEITOS DA PANDEMIA DE COVID-19

39580 - DOENTE DE MEDO: COVID-19, FOME E SOLIDARIEDADE EM SALVADOR
KÊNYA LIMA DE ARAÚJO - PPGSAT/UFBA E SMS SALVADOR, MARIA DO CARMO SOARES DE FREITAS - PPGSAT/UFBA, PAULO GILVANE LOPES PENA - PPGSAT/UFBA, MÔNICA ANGELIM GOMES DE LIMA - PPGSAT/UFBA, ANA ANGÉLICA MARTINS DA TRINDADE - PPGSAT/UFBA, DÉBORA SANTA MÔNICA SANTOS - SMS SALVADOR, SILVANA LIMA GUIMARÃES FRANÇA - UNEB


Apresentação/Introdução
O estudo apresenta resultados preliminares de experiências de fome de trabalhadores da economia informal de Salvador-BA na pandemia de COVID-19. Os atores desta pesquisa relataram que o Auxílio Emergencial recebido foi insuficiente para se alimentar diariamente, o que foi possível somente através de doações de familiares idosos aposentados - o que lhes assegurou a condição mínima de sobrevivência.




Objetivos
Compreender narrativas de trabalhadores da economia informal de Salvador, Bahia, sobre experiências de trabalho, alimentação e saúde no contexto da pandemia de COVID-19.

Metodologia
Estudo qualitativo que propõe compreender significados sobre ser trabalhador da economia informal e sua relação com saúde e alimentação no contexto da COVID-19 em Salvador-BA, ao aproximar-se da fenomenologia em Hans-Georg Gadamer. Após abordagem livre aos trabalhadores nas ruas, aceite e assinatura do TCLE, foram feitas 07 entrevistas individuais com roteiro semiestruturado com vendedores ambulantes adultos de ambos os sexos. Para análise das narrativas, agrupou-se estruturas de relevância, formando uma polissêmica rede de sentidos. Referenciais das Ciências da Saúde, Ciências Sociais e Humanas, embasam a pesquisa desde seus pressupostos. Parecer nº 4.682.810 (CEP/FMB/UFBA).

Resultados
A COVID-19 foi sentida como ameaça, provocando medo da morte e depressão, mas “ficar em casa não era uma opção” (Gil). A sobrevivência desses trabalhadores vem da rua. Doentes de medo, como revelaram, entre o risco de adoecer e o de viver com fome, homens e mulheres foram às ruas para vender seus produtos, mas “a cidade era deserto” (Lu). Após dias sem renda, “comia todo dia porque minha mãe é aposentada” (Ana). Enfrentaram aglomerações nas filas pelo benefício emergencial doado pelo governo federal e/ou cestas básicas doadas pela prefeitura, e, muitas vezes voltaram de mãos vazias para casa: “eu estava passando necessidade e o governo não me atendia. Eu vivi de doação”, disse Maria.

Conclusões/Considerações
Esta população mais vulnerável que precisa trabalhar nas ruas diariamente para sobreviver, narrou através de palavras, choros ressentidos e fios de silêncios, o conflito de escolher entre o isolamento social preconizado pelas autoridades sanitárias para proteção à vida ou o enfrentamento do risco da morte em busca da sobrevivência imediata e o direito de estar livre de viver com fome. As vozes deste estudo suscitam muitas leituras possíveis.