Comunicação Coordenada

21/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC5.1 - IMPACTOS DA PANDEMIA: RECORTES DE GÊNERO

43962 - SINTOMAS ANSIOSOS E DISTÚRBIOS NÃO PSICÓTICOS EM MULHERES LÉSBICAS E BISSEXUAIS EM TEMPOS DE COVID-19: RESULTADOS DE UM SURVEY ONLINE
THAYANE MARTINS DORNELLES - UFCSPA, EMERSON SILVEIRA BRITO - UFCSPA, ELIANA WENDLAND - UFCSPA


Apresentação/Introdução
Mundialmente, minorias sexuais e de gênero são afetadas por doenças relacionadas à saúde mental devido à exposição a longo prazo à situações de discriminação e preconceito. Mudanças causadas pela pandemia da COVID-19 podem ter potencializado o desenvolvimento de transtornos mentais, causados pelo isolamento físico, a restrição social, redução das redes de apoio, incertezas e impacto financeiro.


Objetivos
Avaliar sintomas ansiosos e transtornos mentais comuns durante a pandemia em mulheres lésbicas e bissexuais.


Metodologia
Estudo transversal realizado entre setembro e outubro de 2020, incluindo 655 participantes. Gays, lésbicas, bissexuais e outras minorias de gênero, maiores de 18 anos foram convidados a responder um questionário online. Para a coleta de dados foi elaborado um instrumento semi-estruturado, incluindo as escalas Anxiety Disorder Screener (GAD-7) para sintomas ansiosos e o Self Report Questionnaire (SRQ-20) para rastreio de Transtornos Mentais Comuns (TMC). A pesquisa foi divulgada por meio das redes sociais e também por representantes da população LGBT no Brasil. Utilizou-se frequência absoluta e teste de qui-quadrado para as análises. Considerou-se um nível de significância de 95%.

Resultados
A amostra foi composta por 207 mulheres, sendo 48,8% lésbicas e 51,2% bissexuais. Em relação a escolaridade, 88,9% possuíam ensino superior completo ou em curso. 77,4% se autodeclararam brancas e 21,3% pretas ou pardas. As participantes com menos de 30 anos representam 77,9% da amostra, 13,2% tinham de 31 a 40 anos e 8,9%, 41 anos ou mais. Cerca de 51,1% realizou isolamento social total, 32,3% parcial e 16,6% não realizou isolamento durante a pandemia. Quanto às alterações na saúde mental, 70,2% apresentaram sintomas não psicóticos e 63,7% sintomas ansiosos graves. As alterações foram significativamente (p<0,01) mais prevalentes em mulheres mais jovens (até 30 anos de idade).


Conclusões/Considerações
Mulheres lésbicas e bissexuais, que são usualmente expostas a uma dupla vulnerabilidade, estão mais suscetíveis ao impacto na saúde mental em situações de crise. É necessário dar visibilidade a magnitude dos problemas mentais aos quais as estas minorias sexuais e de gênero estão expostas, evidenciando a necessidade do estabelecimento de políticas de saúde e sociais específicas, não só em períodos emergenciais, mas de forma contínua.