Sessão Assíncrona


SA5.3 - ANÁLISES POPULACIONAIS DOS IMPACTOS DA PANDEMIA E MANEJOS NO CUIDADO ÀS POPULAÇÕES AFETADAS (TODOS OS DIAS)

39988 - ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO DAS DESIGUALDADES ÉTNICAS-RACIAIS E ÓBITOS CAUSADOS POR SRAG-COVID-19 NO BRASIL
RAFAEL FELIPE DA SILVA SOUZA - CIDACS/FIOCRUZ-IGM, MARIA YURY TRAVASSOS ICHIHARA - CIDACS/FIOCRUZ-IGM, LILIA COSTA - UFBA E CIDACS/FIOCRUZ-IGM, CLEITON ROCHA - CIDACS/FIOCRUZ-IGM


Apresentação/Introdução
O Brasil apresentou 2035472 casos e 645916 óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 até maio de 2022. Vários fatores de risco estão relacionados à gravidade dos casos com consequente mortalidade, como idade, sexo, comorbidades e condições socioeconômicas. No entanto, a associação da mortalidade e as desigualdades étnicos-raciais durante a pandemia ainda é pouco explorada.

Objetivos
Analisar as desigualdades étnicos-raciais na mortalidade por SRAG-Covid-19 no Brasil utilizando o Índice Brasileiro de Privação (IBP), comparando as três ondas da pandemia.

Metodologia
É um estudo longitudinal para análise das desigualdades étnicos-raciais na mortalidade por SRAG-Covid-19 utilizando os dados individualizados do Sivep-Gripe. Para esta análise utilizou-se os casos de SRAG-Covid-19 no período de março de 2020 a maio de 2022, removidos 492857 registros com informações incompletas. Foi ajustado um modelo de regressão logística para estimar a razão de chance (RC) do caso evoluir para óbito segundo sexo, faixa etária (<60 anos e 60 anos ou mais), comorbidades (neoplasia, diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, respiratórias e renais) e IBP do município de residência, estratificado por raça/cor e onda da pandemia e somente por IBP.

Resultados
No quintil menos privado do IBP a RC de óbito é diferente entre as raças (preta, parda, amarela e indígena), respectivamente, 1.4, 1, 0.8, 0.7 comparada à branca. Enquanto que no quintil mais privado é similar, 1, 1, 0.9 e 1.1. A raça preta e a indígena têm a maior RC de óbito (1.3) comparado com a branca. Entre as comorbidades, a RC de óbito é maior para os que apresentam neoplasias (2.4) e doenças renais (2), sendo que os indígenas apresentam a maior RC de óbito por estas comorbidades (2.2 e 2.1). A letalidade para as raças branca e amarela foi maior na 3ª onda (35% e 37%), enquanto que nas demais raças, a letalidade foi maior na 1ª onda (39%, em média).

Conclusões/Considerações
De uma maneira geral, os fatores de risco são maiores para as raças amarela e indígena. Nota-se que a desigualdade entre as raças na letalidade vai se acentuando com o decorrer das ondas da pandemia. Os resultados demonstram que existe uma diferença étnica-racial associada à mortalidade por SRAG-Covid-19, em concordância com Ling et al. (2022). Também observou-se que esta diferença está associada à privação material.