SA5.3 - ANÁLISES POPULACIONAIS DOS IMPACTOS DA PANDEMIA E MANEJOS NO CUIDADO ÀS POPULAÇÕES AFETADAS (TODOS OS DIAS)
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39951 - TAXA DE EXPOSIÇÃO À VIOLÊNCIA SEXUAL E FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS ASSOCIADOS A ESSE TIPO DE VIOLÊNCIA DURANTE O PRIMEIRO ANO DA PANDEMIA DE COVID-19. DIÊNIFER KAUS SILVEIRA - FURG, FERNANDA CUNHA SOARES - FURG, ROBERTA RODRIGUES SILVEIRA - FURG, SIMONE PALUDO - FURG, MATEUS LEVANDOWSKI - FURG
Apresentação/Introdução Em decorrência do decreto da pandemia de COVID-19 como emergência global e de saúde pública, em março de 2020, medidas de distanciamento social, como o fechamento das escolas, foram adotadas para conter a disseminação do vírus. Tal medida fez com que crianças permanecessem em casa, local que deveria ser protetor, mas que parece não se mostrar desta forma para quem sofre violência sexual.
Objetivos O objetivo deste estudo foi analisar a tendência observada e esperada das taxas de violência sexual em crianças e adolescentes no Brasil no primeiro ano da pandemia de COVID-19 e os fatores sociodemográficos associados.
Metodologia A pesquisa é composta por um estudo ecológico e outro transversal. Os dados foram obtidos a partir das notificações registradas na base de dados do SINAN, disponibilizada pelo DATASUS. A taxa de violência sexual em crianças e adolescentes no ano de 2020 (por 100.000 indivíduos) foi o desfecho da pesquisa. Os fatores sociodemográficos investigados foram: sexo, idade, raça, escolaridade e macrorregião. Para a previsão das taxas de violência sexual em 2020 foi utilizado o modelo ARIMA. Na comparação entre a taxa de violência sexual esperada e a observada em 2020, foi calculado o risco relativo. Para verificar as variáveis associadas ao desfecho foram utilizados modelos de regressão de Poisson.
Resultados Dentre as 103.814 notificações de violência contra crianças e adolescentes em 2020, 22,7% foram referentes a violência sexual, acometendo 85,9% de meninas, 51,5% de crianças pardas e 38,8% moradoras da região sudeste. Houve diminuição no número de registros de violência sexual em relação ao número esperado durante o primeiro ano da pandemia. A taxa de violência sexual em 2020 foi de 34,6 por 100.000 crianças, o esperado era de 49,0. O sexo feminino apresentou 6 vezes mais chance de sofrer violência sexual, crianças negras tinham 40% mais chance quando comparado a crianças brancas e crianças da região norte tiveram 3,3 mais chances quando comparado a região sudeste.
Conclusões/Considerações A taxa registrada de violência contra crianças e adolescentes no primeiro ano da pandemia foi menor que a esperada. Ser do sexo feminino, raça parda e residir na região norte foram fatores associados a violência sexual em 2020. Há a hipótese de que os casos de violência sexual contra crianças e adolescente tenham sido subnotificados no período de distanciamento social e que o impacto sobre este tipo de violência poderá se modificar ao longo do tempo.
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