SA5.3 - ANÁLISES POPULACIONAIS DOS IMPACTOS DA PANDEMIA E MANEJOS NO CUIDADO ÀS POPULAÇÕES AFETADAS (TODOS OS DIAS)
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38338 - VULNERABILIDADE À COVID-19 ENTRE AS MINORIAS DE GÊNERO E SEXO BRASILEIRAS: UM ESTUDO TRANSVERSAL AVELAR OLIVEIRA MACEDO NETO - UFMG, SAMUEL ARAÚJO GOMES DA SILVA - UFMG, GABRIELA PERSIO GONÇALVES - PREFEITURA BH, JULIANA LUSTOSA TORRES - UFMG
Apresentação/Introdução Vulnerabilidades individuais, socias e programáticas foram evidenciadas entre as minorias de sexo e gênero brasileiras, ressaltando a pandemia de COVID-19 como uma sindemia (interação sinérgica de duas ou mais doenças e condições, potencializando seus efeitos). Vulnerabilidades individuais relacionam-se ao estresse de minorias derivados de eventos discriminatórios em uma sociedade heteronormativa.
Objetivos O objetivo deste estudo foi identificar fatores relacionados ao gênero (identidade de gênero e orientação sexual) e faixa etária associados a maior vulnerabilidade à COVID-19 entre as minorias de sexo e gênero brasileiras.
Metodologia Trata-se de um estudo transversal com dados de um estudo online realizado entre agosto-novembro de 2020, entre indivíduos brasileiros com 18 anos ou mais, pertencentes às minorias de sexo e gênero. A vulnerabilidade foi avaliada por um índice de vulnerabilidade similar ao índice do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que inclui as dimensões de vulnerabilidade de renda, de exposição à COVID-19 e de saúde. O escore total variou de 1 a 6, sendo que o quartil superior foi considerado como maior vulnerabilidade. A análise estatística foi baseada em modelos ajustados de regressão logística, incluindo características sociodemográficas e de saúde.
Resultados Dentre os 826 participantes, a maioria era homossexual (75,7%), homens cisgênero (58,2%), da raça branca (54,6%) e com uma média de idade de 31,8 anos (± 11,2). A orientação sexual, identidade de gênero e faixa etária foram associados à maior vulnerabilidade à COVID-19 na população de minorias de sexo e gênero. Aqueles que era heterossexuais (somente para indivíduos trans) ou de outras minorias de gênero foram mais vulneráveis que os homossexuais (OR = 2,34; IC95% 1,01-9,20), os homens cisgênero foram mais vulneráveis que as mulheres cisgênero (OR = 3,52; IC95% 1,35-4,44), e aqueles na faixa etária de 50 anos ou mais foram mais vulneráveis que os de 18-29 anos (OR = 3,74; IC95% 1,24-11,25).
Conclusões/Considerações A direção das associações mostram que a vulnerabilidade à COVID-19 nas minorias de sexo e gênero brasileiras é determinada estruturalmente, sugerindo uma sobreposição de vulnerabilidades como proposto pelo modelo de sindemia. Deste modo, ações multisetoriais são necessárias para a diminuição de inequidades, promoção de ambientes inclusivos, principalmente aos mais velhos, aos homens cisgênero e às “minorias das minorias” e controle da COVID-19.
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