Sessão Assíncrona


SA5.2 - EXPERIÊNCIAS, CONSEQUÊNCIAS E LEGADOS DA PANDEMIA DE COVID-19 (TODOS OS DIAS)

40419 - CUIDADO DE CRIANÇAS NA PANDEMIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA FEMINISTA DA GESTÃO DA (NÃO) REABERTURA ESCOLAR NO RIO DE JANEIRO
LAURA LOWENKRON - UERJ


Apresentação/Introdução
Este artigo explora as articulações entre gênero, família e Estado a partir do tema do cuidado de crianças na pandemia de covid-19 e tendo como recorte empírico um estudo de caso das controvérsias em torno da gestão da (não) reabertura escolar no Rio de Janeiro.

Objetivos
O objetivo não é defender uma das posições dentro das controvérsias, mas tomar os termos da sua constituição na esfera pública, bem como as formas de gestão adotadas, como objeto de uma análise crítica feminista ancorada em uma ética do cuidado.

Metodologia
A partir de pesquisa documental (matérias jornalísticas, publicações de entidades científicas e sindicais, decisões judiciais, normativas e postagens em redes sociais), reconstrói a trajetória de gestão da (não) reabertura escolar no Rio de Janeiro, mapeando os argumentos e grupos envolvidos nas controvérsias públicas sobre o tema. Com base em revisão bibliográfica sobre a organização social e política do cuidado de crianças no Brasil e à luz de críticas feministas sobre a invisibilização e desvalorização do trabalho de cuidado nas economias capitalistas, propõe um exercício de estranhamento do contraste entre a precipitada reabertura econômica e o prolongado fechamento de creches e escolas.

Resultados
A análise evidencia como na estratégia de retomada econômica, dentro da qual pode ser compreendida e situada as tensões em torno da gestão da (não) reabertura escolar durante a pandemia, ecoa, de diferentes maneiras, a histórica invisbilização e desvalorização do trabalho de cuidado nas economias capitalistas, ao não se reconhecer a importância de oferecer o suporte adequado para todas as “mãozinhas invisíveis” que têm garantido ao longo da crise a manutenção e a sustentabilidade da vida. Nesse sentido, uma gestão ancorada em uma ética do cuidado poderia operar como um contraponto à necropolítica que definiu a gestão da pandemia não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o país.

Conclusões/Considerações
Sugere-se que o cuidado de crianças seja politicamente encarado como uma responsabilidade efetivamente coletiva (e não apenas das famílias ou de certas categorias ocupacionais e instituições feminilizadas) e uma atividade cotidiana central para a manutenção da vida e reparação de um mundo (Tronto, 1993; Das, 2020) devastado pela crise sanitária e política.