Sessão Assíncrona


SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)

43813 - TRABALHO, RECONHECIMENTO E PRECARIZAÇÃO: A ESCUTA DO SERVIÇO FUNERÁRIO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
CLARICE PIMENTEL PAULON - USP, CLÁUDIA REGINA DE MORAES E ABREU - EMS/SMS, MARCELO BRUNO GENEROSO - EMS/SMS


Período de Realização
O trabalho está sendo realizado desde maio de 2020 e segue continuado.

Objeto da experiência
Trabalhadores(as) do Serviço Funerário do Município de São Paulo, Secretaria do Serviço Funerário e Cemitérios da cidade.

Objetivos
Criar um espaço de escuta para que trabalhadores(as) possam trocar experiências sobre sua rotina de trabalho no serviço funerário: suas especificidades, o impacto da pandemia, a relação corriqueira com a morte – tabu em nossa sociedade – e, assim, produzir propostas em saúde mental para esse campo.

Metodologia
Constitui-se em três etapas: (1) rodas de conversa semanais dentro da Secretaria de Serviço Funerário com representantes dos 22 cemitérios do município – rodiziados 8 por turno – de maio de 2020 à abril de 2021; (2) Idas ao território a cada semana, realizando os grupos nos 22 cemitérios do município – de maio de 2021 à maio de 2022 – (3) Construção de uma diretriz sobre Saúde do Trabalhador e Território a partir de novas visitas ao campo e ao centro de referência em saúde do trabalhador.

Resultados
A partir das rodas de conversa observou-se que às questões atinentes ao trabalho no serviço funerário iam além das especificidades da pandemia associadas ao excesso de trabalho e aos perigos da contaminação, mas, também, a uma continua precarização dos processos de trabalho e adoecimentos graves ligados a relação cotidiana com a morte e seus rituais de luto, por eles (as) experienciados.

Análise Crítica
A sobreposição entre a precarização do trabalho (ausência de boas condições para execução, baixa remuneração e excesso de atividades) e a lida cotidiana com a morte e o luto – tabus em nossa sociedade – fazem desses trabalhadores índices de uma cultura do apagamento da história e da dignidade humanas. Estão expostos ao que eles próprio denominam como principal agente patógeno da sociedade: a morte, e por isso, adoecem e se desgastam constantemente.

Conclusões e/ou Recomendações
São profissionais constantemente ou invisibilizados devido à temática do seu trabalho ou em hiper visualização pela sua presença em momentos difíceis para familiares que perdem um ente querido. Tornam-se representantes do inumano e do imaterial, ao lidar com a única situação que configura a vida em sua materialidade: a morte. É necessário continuar a experiência produzindo espaços positivos de reconhecimento do trabalho e dignidade humana.