SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)
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43618 - OS EFEITOS DA COVID-19 ENTRE MULHERES PROFISSIONAIS DO SEXO: RESULTADOS DA ETAPA QUANTITATIVA DA PESQUISA EU QUERO É MAIS EM 11 CIDADES BRASILEIRAS DANIEL DUTRA DE BARROS - FCMSCSP, MICHEL FURQUIM - FSP-USP, LUCAS RIEGEL - COALITION PLUS, OCÉANE APFFEL FONT - COALITION PLUS, CLAUDIA BARROS - UNISANTOS, PAULA GALDINO CARDIN DE CARVALHO - FCMSCSP, SILVANA NASCIMENTO - FFLCH-USP, JOSE MIGUEL OLIVAR - FSP-USP, DANIELA ROJAS CASTRO - COALITION PLUS, MARIA AMÉLIA DE SOUSA MASCENA VERAS - FCMSCSP
Apresentação/Introdução Globalmente, mulheres cis, trans e travestis trabalhadoras do sexo vivenciam um contexto desproporcional de vulnerabilidade e exclusão social devido ao estigma, discriminação, alta prevalência do HIV e criminalização do próprio trabalho. A pandemia da COVID-19 aprofundou essas desigualdades resultando em implicações negativas na saúde, bem-estar e condições de trabalho deste grupo.
Objetivos Conhecer e descrever os efeitos da COVID-19 na vida e saúde de mulheres cis, trans e travestis que exercem trabalho sexual, investigando as condições de implementação das medidas de prevenção e as respostas comunitárias que emergiram neste período.
Metodologia O estudo transversal de base-comunitária Eu Quero é Mais faz parte da iniciativa global EPIC, coordenado pela Coalition PLUS, que visa registrar o impacto da COVID-19 em populações vulneráveis ao HIV e hepatite C em 33 países. No Brasil, participantes em 11 cidades (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Natal, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Luís, São Paulo e Uberlândia) responderam a um questionário múltipla escolha sobre condição de vida, trabalho e saúde durante a pandemia. As entrevistas foram realizadas entre maio e agosto de 2021 de forma presencial com auxílio de uma entrevistadora, durando em média 41 minutos. As respostas foram coletadas no software VOXCO para smartphone.
Resultados A etapa quantitativa entrevistou 139 mulheres. A maioria (n=86) se identificou como mulher trans/travesti, com idade entre 25 e 39 anos (n=62) e apenas o ensino fundamental completo (n=61). Entre as 24 participantes que referiram viver com HIV, 16 eram mulheres trans/travestis. O trabalho sexual foi reportado como único meio de renda para 68% (n=94) das participantes. Desde o começo da COVID-19, 81% (n=108) relataram perda de clientes e diminuição na renda. 104 participantes (75%) solicitaram e conseguiram o auxílio emergencial e 14 (13%) tiveram o pedido negado. A necessidade de ajuda para se alimentar durante a pandemia aumentou 29% (p<0,001) em relação ao período anterior à COVID-19.
Conclusões/Considerações A pandemia levantou preocupações adicionais sobre a saúde, o bem-estar e a segurança das profissionais do sexo. Por se tratar de um grupo historicamente afetado por barreiras estruturais e legais que impulsionam significativa exclusão social e econômica, a formulação de políticas públicas para minimizar o impacto da COVID-19 deve priorizar o reconhecimento das profissionais do sexo dentre os grupos mais afetados e vulnerabilizados pela pandemia.
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