Sessão Assíncrona


SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)

43379 - DESIGUALDADES NO EXCESSO DE MORTALIDADE POR TODAS AS CAUSAS: ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS INTERROMPIDAS
LILIA CAROLINA CARNEIRO DA COSTA - UFBA E CIDACS/FIOCRUZ-IGM, CLEITON OTAVIO DA EXALTAÇÃO ROCHA - CIDACS/FIOCRUZ-IGM, RAFAEL FELIPE DA SILVA SOUZA - CIDACS/FIOCRUZ-IGM, MARIA YURY TRAVASSOS ICHIHARA - CIDACS/FIOCRUZ-IGM, MAURÍCIO L. BARRETO - CIDACS/FIOCRUZ E UFBA


Apresentação/Introdução
Estimativas de mortalidade por Covid-19 têm sido importante desafio para a vigilância epidemiológica, em especial entre as regiões de renda baixa e intermediária, onde os óbitos pela doença é magnificada pelo acesso limitado aos serviços de saúde, dinâmica política, domicílios densamente ocupados e outros fatores regionais.

Objetivos
Analisar o excesso de mortalidade por todas as causas durante a pandemia de Covid-19 segundo padrões de privação material no Brasil, utilizando o Índice Brasileiro de Privação (IBP).

Metodologia
Obteve-se os óbitos no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) no período de 2015 a outubro de 2021. Foram calculadas as taxas de mortalidade por todas as causas padronizadas por idade (por 100.000 habitantes) e mês segundo município, classificados por nível de privação material por meio do IBP (menor ao maior quintil de privação). Realizou-se análise de séries temporais interrompidas que foram modeladas através de Regressão de Poisson e ajustadas pelos efeitos de sazonalidade. O excesso de mortalidade foi expresso pela diferença entre a taxa de mortalidade observada e o contrafactual (taxa esperada baseada no período de 2015-2019).

Resultados
Observou-se uma tendência de queda na taxa de mortalidade por todas as causas padronizada por idade em todos os quintis de privação material no período que precede a pandemia (janeiro de 2015 a fevereiro de 2020), porém a partir do mês de março de 2020 foi registrado um excesso nas taxas de mortalidade. Verificou-se que no início da pandemia (março/2020) o excesso de mortalidade por todas as causas correspondeu a 10.0, 10.4, 11.9, 11.1 e 8.5 entre o 1º e o 5º quintil, respectivamente. Em outubro de 2021 (último mês da análise da série), houve um aumento na diferença entre valor observado e contrafactual de 9.9 no Q1; 10.0 no Q2; 11.5 no Q3; 10.9 no Q4 e 8.4 no Q5.

Conclusões/Considerações
Constatou-se diferenças no excesso de mortalidade durante a pandemia de Covid-19 à medida que cresce a privação material, embora tenha sido menor no grupo mais privado (quintil 5). Os resultados evidenciam a relação do excesso de mortalidade com as desigualdades sociais antes e durante a pandemia, havendo necessidade de alertar os gestores públicos para orientar políticas para a sua redução.