Sessão Assíncrona


SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)

43226 - SAÚDE MENTAL DE JOVENS NO ENSINO MÉDIO: TRAJETÓRIAS JUVENIS EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19 E FORMAS DE ENFRENTAMENTO DO SOFRIMENTO PSICOSSOCIAL, SÃO PAULO, BRASIL
JAN STANISLAS JOAQUIM BILLAND - USP, GABRIELA CALAZANS - HCFMUSP, MARCOS ROBERTO VIEIRA GARCIA - UFSCAR, CARLA LEITÃO DA SILVA - UFSCAR


Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 impactou negativamente a saúde mental de adolescentes e jovens no Brasil. Estar em campo desde o início da pandemia, investigando um programa de prevenção integral – que integra promoção de saúde sexual e mental, prevenção de HIV/IST e COVID-19 –, semanalmente com estudantes do Ensino Médio (8 escolas em 3 cidades), configurou oportunidade de compreender melhor tal impacto.

Objetivos
Buscamos compreender como jovens estudantes do ensino médio lidaram com o sofrimento psicossocial ao longo de diferentes momentos da pandemia de COVID-19, os impactos sobre sua saúde mental e as estratégias de enfrentamento que desenvolveram.

Metodologia
Realizamos dois grupos focais on-line síncronos com 9 jovens de 3 cidades em dezembro de 2021. Partindo da pergunta disparadora: “Como ficou a sua saúde mental durante a pandemia?”, o roteiro abordou: relações familiares e amizades; mudanças no uso de TIC; ensino remoto; situação econômica; planos para o futuro; perdas de pessoas próximas; recursos e estratégias de cuidado e diferenças de gênero. Os grupos foram gravados e as falas transcritas e analisadas. Adotamos o quadro da vulnerabilidade e direitos humanos, em abordagem psicossocial e multicultural.

Resultados
Cuidar da saúde mental foi uma preocupação explícita desses jovens. A chegada brutal da pandemia despertou medos intensos. O período mais estrito de distanciamento social mobilizou sentimentos de isolamento e solidão, em parte mitigados por relações remotas. A convivência intensiva com famílias acirrou conflitos, mas também estreitou laços afetivos. O uso de celular e redes sociais, qualificadas como ambientes “tóxicos”, gerou ansiedades devido a comparações e debates violentos. O ensino remoto causou sentimentos de "abandono", devido à falta de participação, desorganização, sobrecarga e falta de apoio. O retorno progressivo foi visto como positivo, mas ansiedades sobre o futuro persistiram.

Conclusões/Considerações
A saúde mental dos jovens variou nas diferentes fases da pandemia no Brasil, enquanto adaptavam-se a mudanças rápidas e imprevisíveis. A (des)organização que marcou o ensino remoto emergencial piorou a situação e as perspectivas de jovens já gravemente afetados pela crise econômica. Identificar diferentes dimensões da vulnerabilidade no contexto da pandemia permite compreender melhor as possibilidades de intervenção.