SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)
|
41126 - IMPLICAÇÕES NA SUBJETIVIDADE DO PACIENTE INTERNADO POR COVID-19 NO SISTEMA DE SAÚDE PRIVADO EMILY LIMA CARVALHO - DOUTORANDA INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA - UFBA, ENFERMEIRA DO IF BAIANO, CAMPUS GOV. MANGABEIRA, MARIA VITÓRIA TUMA DE OLIVEIRA - MESTRANDA DO PROGRAMA DE CLÍNICA MÉDICA; FACULDADE DE MEDICINA - UFRJ, MARCELO EDUARDO PFEIFFER CASTELLANOS - DOCENTE DO INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA - UFBA, ALICIA NAVARRO DE SOUZA - DOCENTE DA FACULDADE DE MEDICINA - UFRJ
Apresentação/Introdução A internação decorrente de quadros graves de covid-19 traz diversas implicações negativas para os pacientes, principalmente por causa do isolamento familiar e ausência de identificação clara dos profissionais de saúde que prestam os cuidados. O cenário de incerteza sobre a evolução da doença e procedimentos invasivos e dolorosos também impactam negativamente a experiência de adoecimento.
Objetivos Compreender o que pacientes sentiram e pensaram durante a internação por covid-19 em unidades de terapia intensiva (UTIs) do sistema privado de saúde.
Metodologia Foram realizadas 21 entrevistas narrativas realizadas de forma remota entre julho de 2020 e março de 2022 e incluíram pessoas internadas em UTIs e unidades semi-intensivas do sistema privado de saúde entre março de 2020 e junho de 2021. O recrutamento foi realizado através de redes sociais. As entrevistas foram gravadas em áudio/vídeo, transcritas e interpretadas por análise de narrativas. A amostra foi composta por 10 mulheres e 11 homens entre 32 e 68 anos, vivendo em sete metrópoles; 16 se autodeclararam brancos e 5 pardos. Essa pesquisa integra o Projeto Narrare-COVID-19/CAAE 31450720.9.0000.5257.
Resultados A experiência dos pacientes foi marcada principalmente pelo relato de dor, solidão e por sentimentos negativos. A dor relacionou-se aos exames de rotina e medicações administradas. Esses procedimentos dolorosos afetaram o paciente mesmo no período pós alta de diversas formas. Os sentimentos negativos marcantes foram: desamparo, insegurança e medo associados ao isolamento do mundo externo e a relação prejudicada entre profissionais e pacientes devido à sobrecarga de trabalho, principalmente em momentos mais intensos da pandemia. O contato com a finitude relacionada ao fato de testemunharem outras mortes também marcou de maneira negativa a experiência, confrontando-os com a própria morte.
Conclusões/Considerações Conhecer as vivências de pessoas que ficaram lúcidas e internadas em UTIs para COVID-19 podem instrumentalizar os profissionais de saúde, ampliando a visão sobre os cuidados aos pacientes, estimulando estratégias de assistência e conforto às necessidades individuais dos pacientes, possibilitando também o contato possível com a família e o exercício da espiritualidade, contribuindo para o enfrentamento da situação.
|