Sessão Assíncrona


SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)

40068 - CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS NAS FARMÁCIAS E DROGARIAS PRIVADAS BRASILEIRAS À LUZ DO PAN-BR E DA PANDEMIA DE COVID-19
MICHELE COSTA CAETANO - ENSP/FIOCRUZ, MÔNICA RODRIGUES CAMPOS - ENSP/FIOCRUZ, ISABEL CRISTINA MARTINS EMMERICK - UMASS, VERA LUCIA LUIZA - ENSP/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
A resistência microbiana (AMR) é uma grave ameaça à saúde pública global e estima-se que será uma das principais causas de morte no mundo em 2050, na ausência de um enfrentamento efetivo do problema. A pandemia de COVID-19 pode ter agravado ainda mais esse cenário. A maioria do consumo de antimicrobianos (ATM) ocorre no nível ambulatorial, sendo ao menos metade das prescrições inapropriadas.

Objetivos
Analisar o perfil do consumo ambulatorial de ATM na rede privada de farmácias no Brasil, de 2017 a 2020, à luz do Plano Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única (PAN-BR) e da pandemia de COVID-19.

Metodologia
Tratou-se de estudo longitudinal, retrospectivo, realizado por meio de dados secundários do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). Foram analisados dados referentes às vendas de ATM de uso sistêmico realizadas nos meses de junho de 2017 a 2020. Os ATM foram agrupados conforme classificação ATC e AWaRe (acesso, alerta e reserva) e analisados com base em um conjunto de indicadores de qualidade do uso ambulatorial de ATM. O consumo foi expresso pela quantidade de vendas e pela dose diária definida por mil habitantes por dia (DID). Foram utilizadas variáveis de estratificação para cada ano analisado, como macrorregião, prescritor e classificação AWaRe, dentre outras.

Resultados
O volume de vendas de ATM no Brasil reduziu em 32,69% de 2019 para 2020. Identificou-se diferença regional nas vendas de ATM, com ampliação da participação da região Norte em 2020. Os dentistas prescreveram mais ATM em 2020, com predomínio dos de amplo espectro. O consumo dos ATM do grupo acesso foi próximo a 60%, exceto em 2020, quando houve aumento na proporção do consumo do grupo alerta. Houve predomínio do consumo de penicilinas até 2019, todavia, durante a pandemia o grupo onde estão incluídos os macrolídeos foi dominante, com aumento de 21% do consumo entre 2019 e 2020. As fluoroquinolonas tiveram grande participação no consumo de ATM. A azitromicina foi o ATM mais vendido em 2020.

Conclusões/Considerações
O consumo ambulatorial de ATM no Brasil foi inferior ao de diversos países, ainda que não pareça ocorrer da forma mais apropriada devido ao uso expressivo de macrolídeos e fluoroquinolonas. O estudo sugere uma incipiência na implantação de estratégias de otimização do uso ambulatorial de ATM, mesmo na vigência do PAN-BR. A pandemia de COVID-19 parece ter influenciado o perfil de consumo de ATM no Brasil, sobretudo em relação aos macrolídeos.