SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)
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39974 - NEGLIGÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES E FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS ASSOCIADOS: ANÁLISE DO PRIMEIRO ANO DA PANDEMIA DE COVID-19 ROBERTA RODRIGUES SILVEIRA - FURG, FERNANDA CUNHA SOARES - FURG, DIÊNIFER KAUS SILVEIRA - FURG, SIMONE DOS SANTOS PALUDO - FURG, MATEUS LUZ LEVANDOWSKI - FURG
Apresentação/Introdução Com a ocorrência da emergência global de saúde pública de COVID-19, que passou a configurar uma pandemia em março de 2020, foram adotadas medidas de distanciamento social para conter a disseminação do vírus, dentre elas o fechamento das escolas. A permanência em casa e o afastamento do ambiente protetivo da escola podem ter afetado os índices de negligência contra crianças e adolescentes.
Objetivos O objetivo do presente estudo foi analisar a tendência observada e esperada das taxas de negligência em crianças e adolescentes no Brasil no primeiro ano da pandemia de COVID-19 e os fatores sociodemográficos associados.
Metodologia Foram realizados dois estudos, um estudo ecológico e um estudo transversal. Os dados foram obtidos a partir das notificações registradas na base de dados do SINAN, disponibilizada pelo DATASUS. A taxa de negligência em crianças e adolescentes no ano de 2020 (por 100.000 indivíduos) foi o desfecho do presente estudo. Os fatores sociodemográficos investigados foram sexo, idade, raça, escolaridade e macrorregião. Para a previsão das taxas de negligência em 2020 foi utilizado o modelo ARIMA. Na comparação entre a taxa de negligência esperada e a observada em 2020, foi calculado o risco relativo. Para verificar as variáveis associadas ao desfecho foram utilizados modelos de regressão de Poisson.
Resultados Das 103.814 notificações de violência contra crianças e adolescentes em 2020, 26,6% foram referentes a negligência, sendo que 52,8% acometeram meninos, 52,1% crianças pardas e 34,3% aconteceram na região sul. Durante o primeiro ano da pandemia, houve uma diminuição das notificações de negligência em relação ao número esperado, sendo que a taxa identificada foi de 41,2 por 100.000 crianças, enquanto a esperada era de 57,0. O sexo masculino apresentou 3 vezes mais chance de sofrer negligência, crianças negras tiveram 40% mais chance quando comparado a crianças brancas e crianças da região sul tiveram 2,7 mais chances quando comparado a região sudeste.
Conclusões/Considerações A taxa de negligência contra crianças e adolescentes no primeiro ano da pandemia foi menor que a esperada. Sexo masculino, raça negra e residir na região sul do Brasil foram associados a negligência no ano de 2020. Pode ter ocorrido uma subnotificação dos casos de negligência contra crianças e adolescentes no período de distanciamento social, desta forma, o impacto sobre a negligência poderá se modificar com o decorrer do tempo.
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