Sessão Assíncrona


SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)

39349 - EXISTENTES E RESISTENTES: A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E A PRECARIEDADE NO ACESSO À SAÚDE EM TEMPOS DE PANDEMIA
NILZA ROGÉRIA DE ANDRADE NUNES - PUC-RIO, LAÍS MARTINS COSTA ARAUJO - PUC-RIO, RICARDO WILLIAM GUIMARÃES MACHADO - PUC-RIO, ANDREA RODRIGUEZ - UNIVERSITY OF DUNDEE/UK, GIOVANNA BUENO CINACCHI - UFF


Apresentação/Introdução
Vivemos não somente uma crise política, ética, econômica e social, mas também uma crise sanitária com a pandemia do Covid-10. Dentre os grupos sociais mais vulneráveis e impactados, destacamos a população em situação de rua (PSR). O estudo apresentado traz uma pesquisa realizada em 2020/2021 com a PSR no Rio de Janeiro que buscou acompanhar os reflexos da pandemia na saúde deste segmento.

Objetivos
Analisar o acesso aos serviços de saúde pela PSR no contexto da pandemia de COVID 19, na cidade do Rio de Janeiro, buscando identificar as estratégias utilizadas por este público frente às medidas restritivas e de isolamento social.

Metodologia
Utilizou-se como referencial metodológico a pesquisa-ação. Em parceria com a Universidade de Dundee, Pastoral do Povo da Rua, e a ONG Porto ComVida, foram mapeados 23 pontos que distribuíam conjuntamente 3200 refeições diárias na cidade do Rio de Janeiro. Os pesquisadores eram voluntários que já possuíam um histórico de atendimento a este público e conhecimento do território. O instrumento utilizado foi um questionário eletrônico composto por perguntas fechadas e abertas. Foram realizadas 304 entrevistas, em 2020. A participação foi espontânea e voluntária, cujo critério foi ser PSR e que estivesse recebendo alimento em um dos pontos de distribuição de comida previamente mapeados.

Resultados
Os 304 entrevistados foram do gênero masculino (85%), pretos e pardos (73%), com faixa etária entre 41 e 59 anos (42%) e entre 31 e 40 anos (33%). Com relação ao nível educacional formal, há predominância de baixa escolaridade. Quanto ao acesso aos serviços de saúde a PSR utiliza principalmente a UPA e as Clínicas da Família. O pequeno percentual que relatou ser o atendido do Consultórios na Rua reflete o sucateamento desta política. Com relação à COVID a PSR não foi testada, apesar de 9% das pessoas referirem algum sintoma relacionado à doença. Durante o período da pesquisa o Médico sem Fronteiras estava atendendo a esse público. A baixa notificação reflete a invisibilidade desse público.




Conclusões/Considerações
Vítimas da invisibilidade social e com múltiplas determinações sociais vinculadas às suas trajetórias de vida, a PSR traz a marca de uma sociedade marginalizada, dos estigmas, da discriminação e preconceito que se manifestam em um estado de injustiças e violências. A falta de acesso aos serviços de saúde remete à compreensão de que a necropolítica descreve o poder de quem pode viver e quem deve morrer.