SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)
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38817 - GESTÃO DIGITAL DE DADOS DE SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL: EXPERIÊNCIAS DE MULHERES EM FAVELAS AO LONGO DA PANDEMIA DE COVID-19 CAROLINA PARREIRAS - UNICAMP, VIVIANE MATTAR - UERJ
Apresentação/Introdução Durante a pandemia de Covid-19, algo bastante notável foi a centralidade das tecnologias de informação e comunicação na mediação e viabilização de atividades da vida cotidiana. Mas é importante pontuar a desigualdade na adoção e uso da tecnologia no Brasil, como apontam dados do TIC Domicílios, que, em 2020, indicava que havia cerca de 11,8 milhões de domicílios sem computador e sem internet.
Objetivos Por meio de aplicativos do Governo Federal, o Auxílio Emergencial e o Conecte SUS, temos como objetivo, a partir deste contexto de desigualdades, pensar nas questões envolvidas na regulação/controle em saúde e na centralização da assistência social.
Metodologia Os dados são provenientes de duas pesquisas realizadas em favelas do Rio de Janeiro, ao longo da pandemia. É importante ressaltar que as duas autoras já possuíam pesquisas em andamento antes. A primeira autora vem da discussão mais ampla sobre o uso de tecnologias e da internet nestes contextos, interessada na questão das desigualdades digitais e sua relação com desigualdades sociais. A segunda autora, tem interesse na experiência de mulheres com programas de transferência de renda, saúde e alimentação, onde se insere o aplicativo do Auxílio Emergencial. Ambas se baseiam em técnicas etnográficas, com interação próxima, mediada pela tecnologia e de longa duração com mulheres destas favelas.
Resultados O que as duas pesquisas mostram, ao acompanhar de forma cotidiana a experiência dessas mulheres, é que a gestão estatal destes dados, sua centralização e a falta de clareza (vide o apagão do Conecte SUS) nessa administração pode afetar o acesso de determinados indivíduos à saúde e às políticas públicas. Ainda que o celular e as redes móveis de conexão estejam presentes nestas favelas, há problemas que giram em torno do que vem sendo chamado pela literatura de digital literacy, sendo que ambos os aplicativos abordados são de difícil manejo - tanto pela estrutura tecnológica em si quanto pela necessidade de cadastros e uso de senhas.
Conclusões/Considerações Frente a uma crise sanitária gerada pela pandemia, vemos o espraiamento do uso da internet e das tecnologias, mas isso foi e vem sendo feito de forma altamente desigual. Em contextos já caracterizados como desiguais, isso se torna ainda mais visível, especialmente em momentos em que o único modo de acessar dados de saúde e receber auxílio financeiro, passa a ser feito por um aplicativo, que está longe de ser facilmente compreendido ou acessado.
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