Sessão Assíncrona


SA5.1 - ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DE COVID-19 E SEUS IMPACTOS (TODOS OS DIAS)

38366 - “NINGUÉM SONHA EM SER COVEIRO”: SEPULTADORES NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19
KARLA DE SOUZA MAGALHÃES - UFRJ


Apresentação/Introdução
Este trabalho é um recorte do projeto de doutorado em Saúde Coletiva da linha de pesquisa Abordagens Sociológicas dos Processos Saúde-Doença do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ. Trata-se de uma pesquisa que visa a apreender os impactos da pandemia de COVID-19 na rotina de trabalho de profissionais que atuam em cemitérios públicos e privados do Brasil: os coveiros.

Objetivos
Identificar os impactos da pandemia na rotina de coveiros no contexto brasileiro, com base no pressuposto de tratar-se de uma profissão invisibilizada e estigmatizada socialmente.

Metodologia
Foi realizada uma revisão integrativa de literatura de âmbito nacional e internacional, que reuniu as publicações científicas sobre o tema no período de 2020 e 2021. A estratégia da busca abrangeu publicações de artigos indexados em bancos de dados da área da saúde – Portal BVS, Scopus, Web of Science, Pubmed, OASISbr, Academic Search Premier e Scielo. Foram utilizadas as palavras-chave: “coveiros”, “sepultadores”, “trabalhadores de cemitérios”, “trabalhadores da morte”, “pandemia”, “coronavírus” e “estigma”. Além do levantamento bibliográfico, foram analisadas 19 notícias publicadas na mídia sobre a atuação dos coveiros durante a pandemia.

Resultados
Após aplicação de critérios de inclusão e exclusão, 10 artigos foram selecionados. Destacam-se os resultados: sobrecarga de trabalho, acúmulo de funções, exposição a riscos biológicos, dificuldade de acesso a Equipamentos de Proteção Individual, medo de contaminação, impacto emocional devido ao elevado número de sepultamentos e alterações em rituais de despedida. A análise das notícias revelou: reivindicações por melhores condições de trabalho e prioridade de acesso à vacina; migração de profissionais de outras áreas para o setor funerário. Esta mudança laboral, no entanto, foi percebida como de extrema necessidade, pois “ninguém sonha em ser coveiro”, conforme relato em uma reportagem analisada.

Conclusões/Considerações
O contexto pandêmico possibilitou maior visibilidade e valorização da categoria profissional dos coveiros, pouco estudada no campo da saúde coletiva. Matérias jornalísticas enfocaram, em entrevistas, relatos de coveiros. Porém, apesar dessa visibilização, a representação social dessa profissão é marcada por desprestígio e preconceito.