SA4.1 - PARTICIPAÇÃO, CONTROLE SOCIAL E EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE (TODOS OS DIAS)
|
41955 - A SAÚDE NOS JORNAIS POPULARES CARIOCAS DA PRIMEIRA REPÚBLICA: AS LUTAS POPULARES E A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA THAIS DE ANDRADE VIDAURRE FRANCO - IMS - UERJ
Apresentação/Introdução A trajetória da construção da saúde pública, não raro, é atribuída apenas à atuação de elites. Em diálogo crítico com produções sobre a história da saúde pública brasileira o trabalho buscou, por meio da análise dos debates sobre a saúde em jornais produzidos por movimentos populares no Rio de Janeiro durante a Primeira República, investigar a atuação popular no processo de politização da saúde.
Objetivos Investigar o debate sobre a saúde e a questão sanitária na imprensa do Rio de Janeiro, sobretudo, em jornais produzidos por associações de trabalhadores e também por moradores dos subúrbios cariocas entre 1900 e 1920.
Metodologia Foram selecionados periódicos produzidos por moradores dos bairros suburbanos e por organizações de trabalhadores entre 1900 e 1920 buscando identificar como suas lutas se articulavam às pautas da saúde. Os jornais foram analisados como uma prática social, um instrumento privilegiado de ação política, onde diferentes grupos e sujeitos políticos buscam vocalizar suas preferências, perspectivas e concepções, disputando a formação dos valores públicos e buscando legitimar suas perspectivas, propostas e projetos junto à sociedade. Essa formulação parte da compreensão teórica que enfatiza a participação popular, a transformação dos valores públicos como aspectos que integram a mudança política.
Resultados A saúde comparecia nos periódicos analisados articulada à diferentes reivindicações de movimentos de trabalhadores e de moradores dos subúrbios cariocas. As formulações sobre a saúde e o adoecimento impressas nos jornais identificavam uma estreita relação entre as condições de vida, de trabalho e saúde. Durante o período de maior publicização do argumento pró-saneamento, trabalhadores e suburbanos estabeleceram afinidades e críticas à proposta. Por meio do periodismo, parcelas mais amplas da população politizaram a saúde, apontaram contradições e lacunas existentes entre os argumentos e as práticas das autoridades sanitárias e reivindicaram melhorias em suas condições de vida e trabalho.
Conclusões/Considerações A exclusão das ações de grupos populares nas produções sobre a história das políticas de saúde no Brasil reatualiza, em alguma medida, a manutenção da subalternidade desses grupos, inscrevendo na história o silenciamento de suas formulações e resistências. A localização da presença e riqueza do debate sobre a saúde nos jornais populares aponta que a Reforma Sanitária colocada em curso na década de 1920 abrigou também a agência de grupos populares.
|