Sessão Assíncrona


SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)

42280 - PERCEPÇÃO DA VIOLÊNCIA ESTATAL NO TERRITÓRIO POR UMA EQUIPE DE RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM SAÚDE DA FAMÍLIA
LAURA DE ARAUJO COUTO - ENSP - FIOCRUZ, SUZANE CHAGAS MESQUITA - ENSP - FIOCRUZ, LUCIANA GOMES COTRIM - ENSP - FIOCRUZ, LUZIENE SIMOES BENCHIMOL - ENSP - FIOCRUZ, MARIA VICTORIA DA SILVA BASTOS - ENSP - FIOCRUZ, KELLY ALESSANDRA SEGABINAZZI - ENSP - FIOCRUZ


Período de Realização
A observação relatada é recorrente dos meses de março a maio de 2022.

Objeto da experiência
Violência estatal observada nas comunidades do complexo de Manguinhos, localizada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

Objetivos
Analisar como a violência estatal afeta o cotidiano da comunidade e impõe limites na atuação dos profissionais da saúde. Além disso, busca-se discutir os impactos da violência armada na rotina de trabalho de uma Clínica da Família.

Metodologia
Utilizando como método a observação não participante, durante a atuação em campo ao longo dos meses supracitados, foi possível perceber a violência vivenciada no território em suas diversas facetas. As consequências foram percebidas em vários espaços como os atendimentos individuais, grupos, programa saúde na escola, visitas domiciliares e, sobretudo, a partir da instabilidade territorial após as operações policiais.

Resultados
Foi possível notar como as rotinas da comunidade são condicionadas à situação de violência ou “paz” no território. O período pós pandemia evidenciou o retorno de operações policiais com níveis mais altos de letalidade. A presença de “caveirões” na comunidade e outras alterações na dinâmica da população denunciam o risco iminente de confronto armado, impactando diretamente o cuidado em saúde, seja pela diminuição do fluxo de usuários na clínica ou impossibilidade de acesso da saúde ao território.

Análise Crítica
A violência estatal pode se manifestar em vários níveis, alguns mais estarrecedores do que outros, mas ainda assim com um forte potencial para fortalecer a necropolítica sob a qual a favela está submetida. Nessa perspectiva, há uma violência camuflada na negligência aos direitos de saneamento básico e acesso à moradia adequada. Entretanto, a violência torna-se mais bárbara quando é recorrente a aparição de “caveirões” e helicópteros na comunidade, disparando tiros arbitrariamente contra a população.

Conclusões e/ou Recomendações
A territorialização é uma das diretrizes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) que considera o local geográfico, as pessoas e as relações. Nesse sentido, a violência estatal pode interferir nas atividades da ESF, pois pode resultar em mortes, doenças psicossomáticas e insegurança de transitar. Para preservar-se disso, várias unidades de atenção básica na cidade do Rio de Janeiro possuem o “acesso seguro” que deve ser expandido e aprimorado.