SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)
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41962 - CAUSAS DE ÓBITOS EM MULHERES COM NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO NO BRASIL, 2011 A 2017 ISABELLA VITRAL PINTO - PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA - FACULDADE DE MEDICINA DA UFMG, FÁTIMA MARINHO - VITAL STRATEGIES, DEBORAH CARVALHO MALTA - ESCOLA DE ENFERMAGEM DA UFMG
Apresentação/Introdução A violência por parceiro íntimo (VPI) é entendida como a agressão que pode incluir violências física, sexual, psicológica, perseguição e econômica, no âmbito de uma relação íntima de afeto, amorosa e/ou sexual. A VPI impacta diretamente a saúde das mulheres, seja a curto ou médio prazo, podendo levar ao óbito. Entretanto, há lacunas na literatura sobre o óbito de mulheres com notificação de VPI.
Objetivos Descrever as principais causas de óbito em mulheres com notificação de violência por parceiro íntimo no Brasil.
Metodologia Estudo descritivo a partir da base de dados resultante do linkage probabilístico entre os dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2011 a 2016, e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), no período de 2011 a 2017, conduzido pelo Ministério da Saúde. Foram selecionadas as mulheres com somente uma notificação no período, na faixa etária de 15 a 59 anos, cujo provável autor foi parceiro ou ex-parceiro íntimo. Foi descrito o tempo médio entre notificação e óbito, assim como as principais causas básicas segundo a CID-10. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, sob o parecer nº 4.103.432.
Resultados No Brasil, entre 2011 e 2016, 195.144 mulheres de 15 a 59 anos foram notificadas com violência por parceiro íntimo nos serviços de saúde. Desse total, foram identificados 2.238 óbitos (1,15%) até setembro/2017. O tempo médio entre a notificação de violência e o óbito foi de 474 dias, sendo que 25% delas morreram em até dois dias e a mediana foi de 230 dias. Os óbitos se concentraram nos seguintes capítulos da CID-10: Causas externas (47,72%) e Doenças crônicas não transmissíveis (40,80%). Os principais grupos de causas básicas de óbito foram: 35,05% por Agressões; 5,59% por Doença pelo vírus da imunodeficiência humana; e 4,29% por Doenças cerebrovasculares.
Conclusões/Considerações As mulheres com notificação de violência por parceiro íntimo morreram, principalmente, por causas crônicas e externas, com destaque para o feminicídio. O relacionamento das bases de dados do SIM e do SINAN é fundamental para compreender as repercussões da VPI na mortalidade das mulheres. O setor saúde tem ciência dos casos de violência e pode desenvolver estratégias para a rede de serviços no sentido da prevenção de óbitos anunciados e evitáveis.
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