SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)
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41883 - O QUE É RESOLUTIVIDADE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE QUANDO O CASO É DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER? STEPHANIE PEREIRA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, NAYARA PORTILHO LIMA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, LILIA BLIMA SCHRAIBER - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, BEATRIZ DINIZ KALICHMAN - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, CECÍLIA GUIDA VIEIRA GRAGLIA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, JANAÍNA MARQUES DE AGUIAR - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, MARINA SILVA DOS REIS - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, YURI NISHIJIMA AZEREDO - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ANA FLÁVIA LUCAS PIRES D’OLIVEIRA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Apresentação/Introdução A relevância da investigação do cuidado dos casos de violência doméstica contra a mulher, em particular pelos médicos de família e comunidade na Atenção Primária à Saúde (APS), surgiu da análise de um conjunto de dados mais amplo de duas pesquisas multicêntricas em que, notadamente, a questão de resolutividade apareceu como central nos discursos destes profissionais.
Objetivos O objetivo deste trabalho é discutir as concepções e as práticas dos médicos que atuam na Estratégia de Saúde da Família frente aos casos de violência doméstica contra a mulher, assumindo a integralidade como norte do cuidado em saúde.
Metodologia Pesquisa qualitativa exploratória. Este trabalho é resultado de dois estudos multicêntricos do Grupo Pesquisa em Saúde Global Healthcare Responding to Violence and Abuse (HERA). Entre outubro de 2017 e julho de 2020, conduzimos entrevistas semi-estruturadas com 12 médicos que atuam em equipes da Estratégia de Saúde da Família em 9 serviços de Atenção Primária à Saúde da cidade de São Paulo. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas na íntegra. O material foi analisado segundo análise de conteúdo, emergindo três categorias analíticas: 1. Violência como problema de saúde e como problema da clínica; 2. Concepções de resolutividade; 3. Resistência ao encaminhamento intersetorial.
Resultados Os médicos reconhecem o impacto da violência doméstica (VD) na saúde das mulheres, mas há dificuldade de torná-la objeto do trabalho (OT). O tratamento dos sintomas prevalece como central na prática clínica, apontando para a preocupação com o êxito técnico como concepção dominante de resolutividade, somado à falta de técnica reconhecida para constituir a VD objeto da APS e de um cuidado integral. Quando constituída como OT, os discursos acerca da resolutividade dos casos foram centrados, especialmente, no reconhecimento pela mulher de que vive uma situação de VD e na separação do agressor. Os casos considerados de sucesso não foram encaminhados a outros serviços, sendo retidos na APS.
Conclusões/Considerações Concepções articuladas à resolutividade da APS são polissêmicas. Os discursos analisados sugerem uma compreensão de resolutividade centrada no êxito técnico clínico, no tratamento de sintomas. Tal restrição aponta para possível desvalorização de apoios de outros serviços, em particular da rede intersetorial, como complemento importante na integralidade da assistência prestada e uma concepção episódica e aguda da resolução da violência.
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