Sessão Assíncrona


SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)

41694 - REFLEXÕES SOBRE ACESSO E CUIDADO EM SAÚDE A PARTIR DE DADOS DE 10 ANOS DE NOTIFICAÇÕES DE VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA MULHERES EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS
RAPHAEL MAIA OLIVEIRA - GRADUANDO EM MEDICINA NA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, GUILHERME CERVA DE MELO - GRADUANDO EM MEDICINA NA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, MARIANA HASSE - PROFESSORA DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA


Apresentação/Introdução
Os números relacionados à violência sexual contra mulheres são alarmantes. Em 2018, foram notificados 41.985 casos no Brasil, uma média de 100 casos por dia. Entretanto, a verdadeira incidência do problema segue desconhecida, tanto porque muitas mulheres - intimidadas pelo medo – não buscam por ajuda, quanto pelas dificuldades dos profissionais em notificar os casos nos serviços de saúde.

Objetivos
Analisar os dados das fichas de notificação de violência sexual contra mulheres de 2009 a 2019, em Uberlândia, Minas Gerais para conhecer as características dos casos e do cuidado ofertado.

Metodologia
Estudo analítico ecológico, descritivo e de série temporal, produzido a partir de informações do banco de dados público do Sistema de Informação de Agravos de Notificações (SINAN). Foram coletados dados provenientes das fichas de notificação de violência sexual contra mulheres com idade acima dos 18 anos ocorridas entre 2009 e 2019. Os dados referentes a outros tipos de violência, indivíduos do sexo masculino e menores de 18 anos vítimas de violência sexual e mulheres que não tiveram como local de notificação do agravo o município de Uberlândia, não foram incluídos. Foram analisados aspectos relacionados às vítimas, ocorrências e assistência prestada.

Resultados
Entre 2009 e 2019 Uberlândia notificou 448 casos de violência sexual contra mulheres: 46% tinham entre 18 e 25 anos, 59% eram solteiras, 5% estavam grávidas e 50% com agressores desconhecidos. 70% receberam profilaxias e 33%, contracepção de emergência. 27 mulheres fizeram aborto previsto em lei para casos de estupro entre 2009 e 2019 no município, mas apenas 11 foram notificados. Somente casos de mulheres que conseguem identificar a violência, chegar ao serviço de saúde e falar sobre, podem ser notificados. Assim, os dados são um panorama da violência sexual contra algumas mulheres - as que têm acesso e coragem para buscar ajuda - e dos casos que sensibilizam os profissionais a notificar.

Conclusões/Considerações
Por serem fruto de processos de trabalho em saúde, ados dados sobre violência do SINAN, além de caracterizarem vítimas e ocorrências, indicam gargalos de acesso e limitações de cuidado. Por isso, tais dados podem ser um potente instrumento de monitoramento dos processos de cuidado e articulação da rede. Alguns dados importantes, como quem são serviços notificadores, não estão disponíveis na base de dados.