Sessão Assíncrona


SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)

41440 - ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL: ESTRATÉGIAS E DESAFIOS EM UNIDADES DO SETOR SAÚDE EM MINAS GERAIS
CRISTIANE MAGALHÃES DE MELO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) E INSTITUTO RENÉ RACHOU (FIOCRUZ-MG), ANA CLARA ROCHA FRANCO - INSTITUTO RENÉ RACHOU (FIOCRUZ-MG), ANA PEREIRA DOS SANTOS - INSTITUTO RENÉ RACHOU (FIOCRUZ-MG), PAULA DIAS BEVILACQUA - INSTITUTO RENÉ RACHOU (FIOCRUZ-MG)


Apresentação/Introdução
A violência sexual (VS) contra mulheres é um fenômeno multidimensional e complexo, que envolve questões socioeconômicas, culturais e de gênero, com graves consequências para saúde e impactos para toda sociedade. Possui alta prevalência mundial e no Brasil, exigindo respostas adequadas, que inclui a atenção aos casos ofertada pelo setor saúde de forma articulada à segurança pública e outros setores.

Objetivos
O estudo objetiva identificar os principais desafios e estratégias utilizadas para implementação do serviço de atenção a mulheres em situação de VS e da coleta de vestígios para fins forenses (AVS-CV), em unidades de saúde (US) de referência do SUS.

Metodologia
A metodologia, de caráter qualitativo, prioriza a observação participante realizada em duas US de referência para AVS-CV e para acompanhamento ambulatorial dos casos, localizadas em município de grande porte de MG; e entrevista semiestruturada com 14 trabalhadoras/es das equipes multidisciplinares e três gestoras/es das mesmas US. As observações foram registradas em diário de campo e as entrevistas gravadas e transcritas. A sistematização e análise dos dados seguiu a proposta da Análise Temática. O estudo é parte de uma pesquisa, em andamento, sobre avaliação da implementação do AVS-CV, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do IRR/Fiocruz-MG e do município onde a pesquisa se desenvolve.

Resultados
Identificamos, pelo menos, três dimensões do AVS-CV: estigma; tecnoburocrática; intra/intersetorialidade. A partir de uma leitura feminista e de gênero, a VS é vista como estigma, marcando tanto as mulheres como as equipes de AVS-CV, exigindo sensibilização constante do corpo clínico das US. O atendimento na urgência é visto como burocrático e protocolar, descolado da reflexão sobre impactos sociais da VS (sobressai a perspectiva curativa e individualista) e o papel da saúde no enfrentamento à VS. Percebem-se fragilidades quanto à integralidade do cuidado, sendo o diálogo com a APS o principal desafio; e, ainda, fragilidades na articulação da saúde com a rede ampliada de enfrentamento à VS.



Conclusões/Considerações
A realização do AVS-CV no SUS é tido como um avanço ao ampliar a possibilidade de acolhimento humanizado e por democratizar o acesso à justiça por meio da coleta e preservação de vestígios. Aposta-se na necessidade de criação de estratégias para sensibilização sobre o tema da VS. Ainda, aposta-se na divulgação de informações sobre a rede de serviços para AVS-CV, seja na saúde, na rede ampliada de enfrentamento à VS e para a população em geral.