Sessão Assíncrona


SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)

39905 - VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM CICLO DE OFICINAS NO CONTEXTO DO TRABALHO DA ACS
ANA KEILA SOARES - UFSC, JOSIANE TERESINHA RIBEIRO DE SOUZA - PONTIFICIA UNIVERSIDAD CATÓLICA DE VALPARAÍSO


Período de Realização
A intervenção aconteceu em julho de 2019, com análise entre julho e novembro do mesmo ano.

Objeto da experiência
Ciclo de oficinas sobre violência contra a mulher no contexto do trabalho da ACS.

Objetivos
Relatar um ciclo de oficinas com Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), na Atenção Primária à Saúde (APS), acerca da problemática da violência contra a mulher, o qual deu-se no contexto de trabalho de residentes multiprofissionais de um município no norte do Vale do Rio Itajaí/Santa Catarina.

Metodologia
Adotou-se como proposta metodológica o Arco de Maguerez, realizando-se três oficinas com ACS do território, no horário de trabalho conforme acordado com a coordenação da Unidade Básica de Saúde (UBS). O registro foi realizado em um diário de campo que, posteriormente, foi analisado em busca de núcleos de significação atribuídos às situações de violência, as quais atravessavam a trajetória de vida das ACS, assim como o manejo no contexto de trabalho em APS.

Resultados
Junto às ACS, foi realizada uma análise da problemática no território, refletindo sobre a vulnerabilidade social, o tráfico de drogas, fatores culturais e machismo. Os registros, em diário, dessas discussões resultaram nos núcleos de significação: 1) Constituição de sujeito e o sentido da violência contra a mulher: “eu via minha mãe apanhando e apanhei quando estava grávida”; 2) O manejo da ACS com situações de violência contra mulher: “não devemos discutir o caso para não expor a mulher”.

Análise Crítica
A experiência aponta para a multiplicidade de sentidos atribuídos à situação de violência contra a mulher e ainda para contradições na fala de quem já a vivenciou. Apresentou-se a fragilidade das ACS no trato com as vítimas e a dificuldade em atuar com mulheres com histórico ou em situação de violência tomando por base exclusivamente o fluxo de atendimento. Viu-se que urge maior atenção ao acolhimento e cuidado às ACS e não apenas para capacitações tradicionais/verticais sobre a temática.

Conclusões e/ou Recomendações
Há a necessidade de extrapolar a lógica de capacitação às equipes, atentando aos atravessamentos que a lida neste contexto produz. Recomenda-se considerar a presença de fatores afetivos e subjetivos no trabalho. Para além do proposto é imprescindível reafirmar, na conjuntura de atual desmonte, a importância do papel do ACS para garantia da continuidade do trabalho pautado na lógica da Estratégia de Saúde da Família e em seus pressupostos.