SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)
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39015 - EMOÇÕES RELATADAS POR PROFISSIONAIS DA ESF DECORRENTES DO CUIDADO A CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR ALDER MOURÃO DE SOUSA - UEPA, CECI VILAR NORONHA - ISC-UFBA
Apresentação/Introdução Casos de violência contra crianças podem gerar diferentes emoções em profissionais de saúde, assim como a gravidez, o parto e a morte. Emoções são fenômenos subjetivos, individuais e particulares que se relacionam ao contexto cultural e social em que emergem. Porém, dentro de um mesmo grupo social elas variam a depender das circunstâncias em que se manifestam.
Objetivos Analisar emoções relatadas por profissionais da Estratégia Saúde da Família decorrentes do cuidado a crianças em situação de violência intrafamiliar.
Metodologia Trata-se de estudo qualitativo, empírico, exploratório, descritivo. A inserção do pesquisador como observador direto em reuniões das equipes foi um recurso utilizado no trabalho de campo desenvolvido em um Distrito Sanitário na cidade de Salvador, Bahia. Realizou-se também 17 entrevistas semiestruturadas, no primeiro semestre de 2018, com agentes comunitários de saúde, enfermeiras, médicas, técnica em enfermagem, psicóloga e assistente social, trabalhadores vinculados a duas Unidade de Saúde da Família e de um Núcleo Ampliado de Saúde da Família. Optou-se por análise temática e identificou-se estados emocionais diversos como: impotência, raiva, tristeza, medo, frustração.
Resultados Na esfera do trabalho, as emoções do profissional não integram o discurso médico convencional, sendo difícil aos trabalhadores expressá-las. Apesar de hesitações, sentir-se impotente ante uma violência contra uma criança foi relatado, como nos casos que envolvem questões estruturais que transcendem o campo da saúde, a exemplo, o baixo nível de renda e educacional dos atendidos. Raiva e tristeza foram mencionadas separada e conjuntamente, em um mix de emoções tanto relativas aos agentes das agressões quanto às vítimas. Contudo, o medo de sofrer revide foi a emoção mais recorrente, relacionando-se a decisões de negação ou afastamento do caso, levando à interrupção do cuidado e não notificação.
Conclusões/Considerações Conclui-se que as emoções de profissionais da ESF decorrentes do cuidado a crianças em situação de violência intrafamiliar, aliadas a certas deficiências do SUS, impactam na atenção à saúde e cerceiam este direito ao impedir o acesso ao serviço ou outros pontos da linha de cuidado. Além de influenciar atitudes que fragilizam o cuidado integral e contribuem para a persistência da violência contra criança como um desafio à atenção equânime no SUS.
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