Sessão Assíncrona


SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)

38905 - AS ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E CUIDADO DAS EQUIPES DA SAÚDE DA FAMÍLIA FRENTE ÀS VIOLÊNCIAS EM UM MUNICÍPIO DO EXTREMO SUL DA BAHIA
MARIA DA CONCEIÇÃO JULIÃO BADARÓ - UFSB, LINA RODRIGUES DE FARIA - UFSB


Apresentação/Introdução
As violências fazem parte da experiência humana e são reconhecidas pela OMS como um dos principais problemas de saúde pública mundial. No Brasil, desde o ano 2000 a Estratégia Saúde da Família (ESF) ampliou o escopo de ações, com responsabilidades mais abrangentes e acolhimento às vítimas de violências. Entretanto, a abordagem ainda é um desafio para os profissionais da atenção básica.

Objetivos
O trabalho tem por objetivo analisar as abordagens e práticas de cuidado da Estratégia de Saúde da Família no acolhimento às vítimas de violências no Município de Porto Seguro – BA.

Metodologia
Estudo de abordagem qualitativa e de caráter exploratório, documental e descritivo. Na primeira etapa, realizou-se pesquisa na literatura especializada sobre o tema pesquisado, que subsidiou a elaboração do roteiro, com a intenção de compreender a percepção dos profissionais da Atenção Primária sobre a atuação e articulação das práticas voltadas às vítimas de violência. Na segunda etapa foi realizado um grupo focal com trabalhadores da saúde de 4 Equipes da ESF (médicos, enfermeiros, cirurgiões-dentistas, auxiliares de saúde bucal, psicólogo, técnicos de enfermagem, NASF e recepcionistas). As interações no grupo foram gravadas, transcritas e submetidas a análise de conteúdo de Bardin.

Resultados
Os resultados indicam quatro categorias: 1) Acolhimento às vítimas de violência, realizado por meio do vínculo e confiança estabelecido com o paciente, contudo a abordagem é predominantemente sintomatológica, com ausência do processo de notificação. 2) O impacto da pandemia sobre as violências no território, apesar do aumento de casos dificultou o processo de acolhimento pela ESF. 3) Instrumentalização dos profissionais, apesar de iniciativas intersetoriais no território, há fragilidade de ações educacionais sobre a temática. 4) Violência: Percepções e sentimentos, sensação de impotência e medo frente aos casos de violência no território.

Conclusões/Considerações
Apesar de realizarem o acolhimento das vítimas de violência, os profissionais têm dificuldade na identificação e tipificação, acarretando na invisibilidade de alguns casos. A atuação é centrada na sintomatologia, com dificuldade na coordenação do cuidado da vítima e ausência de ações de promoção da cultura de paz. Os sentimentos de despreparo, medo e insegurança surgem principalmente por conta da ausência de uma rede intersetorial de suporte consolidada.