SA3.34 - INOVAÇÕES E BARREIRAS NA ATENÇÃO AO PARTO E PUERPÉRIO (TODOS OS DIAS)
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42414 - VIA DE PARTO DESEJADA E REALIZADA: ESTUDO DE COORTE DE GESTANTES ASSISTIDAS PELA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. CAIO ALMEIDA ROSSI - FMB-UNESP, RAFAELLA DE OLIVEIRA STRANIERI - FMB-UNESP, MARIA ANTONIETA DE BARROS LEITE CARVALHAES - FMB-UNESP
Apresentação/Introdução O aumento global de cesarianas favorece contexto onde tal procedimento passa a ser considerado seguro e até vantajoso em relação ao parto vaginal. Pode ser elevada a frequência de mulheres que tiveram parto vaginal, mas desejavam a cesariana, ou o oposto, que desejavam parto vaginal e foram submetidas à cesariana. A insatisfação da mulher com a via de parto realizada é o foco do presente estudo.
Objetivos Dimensionar a discordância entre a via de nascimento desejada e a realizada e identificar fatores associados a tal fenômeno.
Metodologia Estudo de coorte prospectiva com gestantes que realizaram pré-natal na atenção primária à saúde de município paulista e foram acompanhadas até a primeira consulta pediátrica do recém-nascido. As gestantes foram indagadas sobre qual seu desejo para a via de parto no 2º ou 3º trimestre gestacional; dados do tipo de parto foram obtidos no prontuário da maternidade. Apresentam-se estatísticas descritivas das taxas de discordância total e por tipo de parto desejado. Fatores sociodemográficos associados à discordância foram identificados mediante comparação das frequências, aplicando-se teste qui-quadrado de Pearson, com p<0,05 como nível crítico.
Resultados Das 256 gestantes, 79,3% pretendiam parto vaginal e 20,7% cesariana. Houve quase o dobro de cesarianas (39,5%). A taxa total de discordância entre via de parto pretendida e realizada foi de 35,2%. Uma em cada quatro mulheres grávidas que desejavam parto vaginal foram submetidas à cesariana. Dentre as que desejavam cesariana, quatro em cada dez (40%) tiveram parto vaginal. A discordância foi mais frequente em mulheres com pior situação socioeconômica e sem apoio de companheiro. Cor da pele, situação de trabalho da mulher e participação em programa de distribuição de renda não se associaram com a ocorrência de discordância entre o tipo de parto desejado e realizado.
Conclusões/Considerações Mais de um terço da coorte formada por gestantes que realizaram pré-natal na atenção primária à saúde em cidade do interior paulista tiveram seus filhos pela via não desejada. A discordância foi maior entre as que desejavam cesariana e entre mulheres em situação socioeconômica e conjugal desfavorável, configurando-se situação desafiadora a ser levada em conta pelos responsáveis pela atenção à saúde materno-infantil na localidade.
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