SA3.32 - CUIDADO EM SAÚDE MENTAL E A ARTICULAÇÃO DA RAPS (TODOS OS DIAS)
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41169 - A PERSISTÊNCIA DA INSTITUCIONALIZAÇÃO EM TEMPOS DE REFORMA PSIQUIÁTRICA: UMA ETNOGRAFIA SOBRE CASOS ACOMPANHADOS POR CAPS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO LUISA MOTTA CORRÊA - IMS/UERJ E CAPSI MAURICIO DE SOUSA
Apresentação/Introdução Segundo os líderes da reforma italiana, a desinstitucionalização envolve não só a retirada dos pacientes dos hospitais psiquiátricos, como a desconstrução da lógica manicomial e a construção de uma rede substitutiva, que tem no CAPS sua base principal. A criação ou adaptação de estabelecimentos que reatualizam a longa permanência institucional -neoinstitucionalização- demonstra os desafios do processo.
Objetivos Analisar os fatores que vêm convergindo para a neoinstitucionalização, tanto no plano das redes de saúde e intersetorial - com foco no CAPS - quanto no da família e da comunidade; avaliar as implicações do serviço substitutivo nesta trajetória.
Metodologia Para aceder à estrutura de sentidos e valores subjacentes à neoinstitucionalização, optou-se pela etnografia, “descrição densa” (GEERTZ, 1989) capaz não só de acompanhar os fatos, mas de construir uma interpretação sobre eles junto aos sujeitos do estudo. Foram abarcados 9 casos de 4 CAPS das diferentes RAPS do município do Rio de Janeiro (Centro-Sul, Norte e Oeste), por meio de leitura de prontuários, entrevistas semiestruturadas com o paciente, familiares, profissionais e gestores do CAPS de referência e da instituição, e diário de campo. Estas técnicas compuseram estudos de caso que transformaram experiências singulares em analisadoras da situação-problema (DENZIN e LINCOLN, 2006).
Resultados Tal como o fenômeno da “porta giratória”, a neoinstitucionalização em asilos, comunidades terapêuticas, CAPS III, hospitais e “Residências” privadas tem caráter multifatorial, envolvendo os seguintes motivos: crise, imaginário manicomial, desarticulação e precarização das redes intra e intersetorial, equipes reduzidas e número insuficiente de serviços territoriais, despolitização, institucionalização dos CAPS, baixa capacidade de acolhimento à crise, sobrecarga familiar e expectativa sobre a família, falta de um suporte regular aos familiares e de projetos de moradia voltados aos usuários cujos cuidadores morreram, envelheceram, adoeceram ou não estão disponíveis para morar junto.
Conclusões/Considerações Para contornar os fatores associados à neoinstitucionalização, dois eixos fundamentais do trabalho são: acolhimento regular às famílias e desinstitucionalização da assistência em saúde mental, fazendo a intensividade do cuidado se voltar ao território de vida dos usuários -à própria moradia- inclusive nos momentos de crise, para que novas instituições não sejam acionadas nestas situações, quando o imaginário manicomial costuma ser ativado.
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