Sessão Assíncrona


SA3.31 - TRANSTORNOS MENTAIS E OS DESAFIOS PARA O CUIDADO (TODOS OS DIAS)

40535 - REINTERNAÇÕES FREQUENTES DE PACIENTES INTERNADOS POR TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ENTRE 2001 E 2013
HUGO ANDRÉ DA ROCHA - UFMG, ILKA AFONSO REIS - UFMG, MARIANGELA LEAL CHERCHIGLIA - UFMG


Apresentação/Introdução
As reinternações frequentes são um fenômeno conhecido na área da saúde mental como “revolving door” (porta giratória), que se caracteriza por internações repetidas em um período relativamente curto. Uma questão de grande importância para o estudo das reinternações frequentes, refere-se ao critério adotado para tal classificação, que envolve o número de internações repetidas e o tempo entre elas.

Objetivos
Caracterizar o perfil dos pacientes que apresentaram reinternação frequente (3 ou mais internações em um ano) por transtornos mentais e comportamentais pelo Sistema Único de Saúde, no período de 2001 a 2014, bem como identificar os fatores associados.

Metodologia
Estudo de coorte retrospectiva utilizando dados secundários de pacientes internados pelo Sistema Único de Saúde com diagnóstico primário de transtornos mentais e comportamentais (F00-F99), internados entre 01/01/2001 e 31/12/2013. Foram selecionadas variáveis sociodemográficas, clínicas e de características do hospital. O desfecho reinternação frequente foi definido pela ocorrência de três ou mais registros de internação em um período de 365 dias. O tempo de seguimento foi de pelo menos um ano para todos os pacientes. Modelos de regressão de Poisson com estimador de variância robusta foram utilizados para estimar as razões de taxas de incidência (IRR) do desfecho.

Resultados
Foram selecionados 1.316.791 pacientes, dos quais 111.358 apresentaram reinternações frequentes (8,5%). Pacientes com reinternação frequente eram na maioria homens (66,1%), na faixa etária de 18 a 29 anos (31,4%), e os diagnósticos mais frequentes foram os transtornos psicóticos (41%) e os transtornos devidos ao uso de álcool (21,7%), tendo a maioria apresentado internações em hospitais especializados (76,5%), internações em hospitais privados (38,2%) e registrado reinternações precoces (63%). Os modelos de regressão ajustados indicaram que a ocorrência de reinternação precoce foi a característica mais fortemente associada à reinternação frequente (IRR 20,6; IC 95% 20,3-20,8).

Conclusões/Considerações
Dentre os fatores avaliados neste estudo nenhum apresentou magnitude de associação tão alta quanto a ocorrência de reinternação precoce, sugerindo que tal condição possa ser considerada na elaboração de planos terapêuticos para a prevenção ou redução de reinternações frequentes. É plausível supor que pacientes que retornam para outra internação em tão pouco tempo após a alta estão em maior risco de se tornarem pacientes de reinternação frequente.