SA3.29 - SAÚDE BUCAL: INQUÉRITOS E REDES (TODOS OS DIAS)
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39390 - CIRURGIÕES DENTISTAS E O CUIDADO A MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA MARIANA HASSE - PROFESSORA DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA E DO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA – PROFSAÚDE DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, KETHELLEN GERKMAN KIL - CIRURGIÃO DENTISTA DA APS DE UBERABA, MG E MESTRANDA DO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA – PROFSAÚDE DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, CAMILA MAURA MORAIS LIMA DOS SANTOS - GRADUANDA EM ODONTOLOGIA NA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Apresentação/Introdução A violência contra mulheres é um grave problema de saúde pública devido à alta prevalência e consequências que gera. Vítimas procuram atendimento em serviços de saúde, muitas com lesões em cabeça e pescoço, o que implica em trabalho de cirurgiões-dentistas. Entretanto, a maioria dos profissionais de saúde ainda tem dificuldade em produzir um cuidado adequado e com os dentistas, não é diferente.
Objetivos Esta pesquisa buscou conhecer as percepções de cirurgiões dentistas que atuam na atenção primária à saúde de um município mineiro sobre a violência contra as mulheres, o cuidado produzido a essas situações e as dificuldades encontradas.
Metodologia Foi uma pesquisa qualitativa, desenvolvida a partir de entrevistas semiestruturadas realizadas com cirurgiões-dentistas que atuam em serviços da Atenção Primária de um município do interior de Minas Gerais. Os entrevistados foram selecionados através do método “Bola de Neve” e a produção de dados foi cessada quando a saturação foi identificada. Os dados foram categorizados e analisados sistematicamente a partir da Análise de Conteúdo Temática. O projeto foi aprovado por comitê de ética em pesquisa (Parecer nº 4.653.579).
Resultados Participaram seis mulheres e três homens com média 12 anos de atuação. Eles reconhecem desigualdades de gênero como gênese da violência e suas consequências. Entretanto, tem dificuldade de identificar situações entre pacientes. Entretanto, reconhecem violências vividas por amigos e familiares e afirmam interferir quando são graves. Isso revela a dificuldade de abordar o problema no contexto do trabalho, nomeada como constrangimento, insegurança e medo. Desconhecem a rede intersetorial e a obrigatoriedade da notificação. Quando relatam processos de acolhimento, reconhecessem a si como psicólogos, o que denota que não entendem tal dispositivo como pertencente à esfera da odontologia.
Conclusões/Considerações Os cirurgiões dentistas não têm formação adequada para lidar com violência contra mulheres. Quando desconfiam de casos, as medidas tomadas não são seguras ou se resumem a encaminhamentos. Não há apropriação dos mecanismos de humanização e as práticas seguem fragmentadas e dependentes de protocolos. O desenvolvimento de políticas públicas que fortaleçam a atuação do cirurgião-dentista como parte da rede de proteção às mulheres é urgente.
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