Sessão Assíncrona


SA3.19 - POLÍTICA E GESTÃO (TODOS OS DIAS)

39328 - O SUS COMO CAPITAL SIMBÓLICO NOS PLANOS DE SAÚDE: CONTRADIÇÕES E AMEAÇAS
WILSON MARQUES VIEIRA JUNIOR - ANS


Apresentação/Introdução
Segundo Pierre Bourdieu, o capital simbólico é um capital com base cognitiva, capaz de ser elemento de distinção e fonte de ganhos. No setor privado de saúde, o modelo assistencial é fragmentado, pautado pela lógica da demanda e por resultados econômico-financeiros. Os planos de saúde procuram aumentar seu capital simbólico incorporando conceitos comuns à saúde pública.

Objetivos
Identificar, nas operadoras de planos de saúde, a utilização de termos comuns à saúde pública como estratégia para aumentar seu capital simbólico e obter distinção entre as empresas privadas de saúde, à luz da teoria de Pierre Bourdieu.

Metodologia
Foi realizada pesquisa e análise documental de textos e de material publicitário de operadoras de planos de saúde, com análise do discurso, identificando termos mais comumente associados ao SUS, tais como “atenção primária à saúde; “médico de família”; “humanização”; “integralidade”; “promoção da saúde”. Esse material foi objeto de discussão sob a ótica da teoria do capital simbólico de Pierre Bourdieu, instituindo-se como campo o setor de saúde no qual os agentes envolvidos buscam sua legitimação, primordialmente, como produtores de saúde, a despeito de serem empresas privadas cujo objetivo precípuo é a obtenção do lucro. Esse reconhecimento pode significar distinção e vantagem competitiva.

Resultados
Embora estejam inseridas no espaço de atuação de empresas privadas, algumas com capital aberto ou com aportes financeiros de investidores, constata-se que as operadoras de planos de saúde, nos últimos anos, têm reforçado o discurso dos cuidados em saúde, incorporando termos da saúde pública, sem deixar de adotar práticas para maximização do lucro e sem que se evidencie, de fato, uma mudança estrutural no setor. Ao buscar aumentar seu capital simbólico, observou-se que o objetivo dos agentes, nessa estratégia, seria a recusa do que é puramente comercial, para agregar à sua imagem o capital simbólico, o que, posteriormente, pode resultar em lucros econômicos, a partir do prestígio adquirido

Conclusões/Considerações
A investida das empresas privadas de saúde no discurso de um modelo de cuidado característico do SUS, adquirindo capital simbólico e legitimação do discurso no campo da saúde, ocorre em paralelo ao desfinanciamento da saúde pública, atingindo, principalmente, a Atenção Primária à Saúde. Assim, reconhece-se a ameaça da legitimação do modelo de atenção à saúde do setor privado como possível efeito reverso para inserção de agentes privados no SUS