Sessão Assíncrona


SA3.18 - DESAFIOS NO ENFRENTAMENTO DAS DESIGAULDADES E INTERSETORIALIDADE (TODOS OS DIAS)

42540 - MENSURANDO A DESIGUALDADE EM SAÚDE: A CONTRIBUIÇÃO DE INDICADORES SOCIOECONÔMICOS PARA A PREVALÊNCIA DE PIOR AUTOAVALIAÇÃO DE SAÚDE ENTRE ADULTOS E IDOSOS BRASILEIROS
JULIANA VAZ DE MELO MAMBRINI - FIOCRUZ MG, ARTUR CAMPOS MACEDO - UFMG, WANDERSON DA COSTA BOMFIM - UFMG


Apresentação/Introdução
A medida do efeito do nível socioeconômico em desfechos de saúde é importante para avaliação de ações e do sistema, com foco na redução das desigualdades. A literatura aponta que a escolha do indicador socioeconômico influencia a identificação de grupos vulneráveis e a quantificação da associação entre comportamentos de risco e eventos de saúde, impactando a proposição de políticas públicas.

Objetivos
Avaliar a desigualdade social em saúde e a contribuição dos indicadores socioeconômicos escolaridade, renda domiciliar per capita e estrutura domiciliar para a prevalência de pior autoavaliação de saúde entre adultos e idosos brasileiros.

Metodologia
Estudo transversal baseado em dados de participantes adultos e idosos da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Como indicador de saúde, foi utilizada a autoavaliação. A desigualdade social em saúde foi medida pelo Índice de Concentração (IC), sendo a escolaridade, a renda domiciliar per capita e o índice de estrutura domiciliar os marcadores socioeconômicos. O modelo binomial de riscos aditivos foi o método de atribuição utilizado para estimar a contribuição dos indicadores socioeconômicos para a pior autoavaliação de saúde entre adultos e idosos brasileiros. As análises estatísticas foram realizadas no Stata e no ambiente R e consideraram a complexidade da amostra e nível de 5% de significância.

Resultados
A amostra analisada foi composta por 207.845 participantes, com idade média igual a 44,8 anos e 53,2% do sexo feminino. Em relação ao desfecho de saúde, 32% autoavaliaram sua saúde como regular, ruim ou muito ruim, sendo maior esse percentual entre os idosos. A desigualdade social em saúde foi maior quando considerada a escolaridade como marcador socioeconômico (IC = 0,09 e 0,16 entre adultos e idosos, respectivamente). A contribuição dos indicadores socioeconômicos para a prevalência de pior autoavaliação de saúde foi estimada em 42% e 46%, respectivamente entre adultos e idosos, sendo a escolaridade o marcador socioeconômico com a maior contribuição (22% entre adultos e 32% entre idosos).

Conclusões/Considerações
O entendimento do papel do construto socioeconômico e a mensuração das desigualdades são elementos importantes para a melhoria da saúde pública no Brasil, considerando que um sistema efetivo pode reduzir as desigualdades sociais e promover maior acesso. Os resultados encontrados reforçam a necessidade de se considerar a multidimensionalidade desse construto, de forma a obtermos maior acurácia na estimativa do gradiente socioeconômico na saúde.