SA3.17 - DESIGUALDADES EM SAÚDE E POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS (TODOS OS DIAS)
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38819 - ACESSO E GASTOS COM SAÚDE ENTRE MULHERES MIGRANTES VENEZUELANAS NO BRASIL RODRIGO MORENO SERRA - UNIVERSITY OF YORK (REINO UNIDO), MISAEL ANAYA-MONTES - UNIVERSITY OF YORK (REINO UNIDO), LUIS CARDOSO FERNANDES - UNIVERSITY OF YORK (REINO UNIDO), CRISTOBAL CUADRADO - MINISTERIO DE SALUD (CHILE)
Apresentação/Introdução Mais de 5 milhões de venezuelanas/os deixaram seu país desde 2014. Mulheres representam cerca de 50% da migração venezuelana para o Brasil, muitas vezes escapando de violência e necessidade socioeconômica. O progresso rumo à Cobertura Universal de Saúde no Brasil exige que o sistema de saúde garanta o acesso equitativo aos serviços com proteção financeira também a essas populações migrantes.
Objetivos Comparar os padrões de gastos com saúde e acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva (SSR) entre mulheres migrantes venezuelanas e a população feminina brasileira em geral.
Metodologia Nossa análise se concentrou em duas populações de migrantes venezuelanas em Manaus e Boa Vista. Analisamos dados primários de um inquérito de saúde aplicado em 2021 a migrantes mulheres (25 a 49 anos) e meninas adolescentes (15 a 24 anos) nas duas cidades, com informações sobre necessidades de SSR, condições de acesso e gastos com saúde. O inquérito utilizou a metodologia de “respondent-driven sampling” para selecionar participantes. Complementamos essas informações com fontes secundárias contendo dados para a população feminina brasileira em geral (Pesquisa Nacional de Saúde e Pesquisa de Orçamentos Familiares). Os dados foram analisados através de métodos de regressão multivariada.
Resultados As migrantes venezuelanas possuem um nível relativamente alto de gastos com saúde, com taxas de incidência de gastos catastróficos (gastos com saúde de mais de 10% ou 25% do consumo familiar) que tendem a ser maiores para certos grupos de mulheres migrantes do que entre as brasileiras. Vulnerabilidade semelhante entre as migrantes é observada no acesso a serviços de SSR, com taxas de utilização comparativamente baixas. A alta incidência de insegurança financeira devido a necessidades de saúde mesmo antes da migração, relatada pelas migrantes venezuelanas, indica que necessidades de saúde e proteção financeira inadequada em suas comunidades de origem podem contribuir para a migração forçada.
Conclusões/Considerações Nossos resultados representam evidência importante e atual sobre os desafios de saúde que as mulheres migrantes venezuelanas enfrentam durante o seu process de migração e assentamento no Brasil. Com base nessa evidência, nosso artigo levanta opções de políticas que podem ajudar a minimizar as consequências de saúde para essa população vulnerável.
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