Sessão Assíncrona


SA3.14 - DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS: SABERES E PRÁTICAS DE CUIDADO (TODOS OS DIAS)

43811 - DOENÇA RENAL CRÔNICA: COR DA PELE E O RISCO DE ERROS NO DIAGNÓSTICO (ELSA-BRASIL)
WAGNER LUIS DA CRUZ ALMEIDA - UFES, JOSÉ GERALDO MILL - UFES


Apresentação/Introdução
O indicador mais importante no diagnóstico da DRC é a taxa de filtração glomerular (TFG), que pode ser estimada pelo clearance de creatinina (ClCr) e envolve a coleta urinária em 12 ou 24h. No SUS, tem maior viabilidade a estimativa do ClCr via creatinina sérica, por meio de equações que consideram sexo, idade e cor da pele. Este último ajuste tem sido questionado em populações miscigenadas.

Objetivos
1) Analisar o impacto e aplicabilidade do ajuste matemático das equações CDK-EPI e MDRD em indivíduos de pele negra. 2) Checar a concordância entre a TFG medida em 12h e estimada pelas fórmulas MDRD-4 e CKD-EPI, avaliando sua acurácia.

Metodologia
Foram empregados dados da linha de base do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-BRASIL). Foram recrutados sujeitos de 30 a 74 anos, servidores públicos voluntários, distribuídos equitativamente quanto ao sexo e grupos etários. Estes realizaram coleta urinária do volume total em 12h e de sangue em jejum, além de dados antropométricos e sociodemográficos. Todos os procedimentos, validação de amostras e análises foram rigorosamente padronizados. A TFG foi calculada por meio do ClCr na urina e estimada pelas fórmulas CKD-EPI e MDRD-4. Análise estatística foi realizada para avaliar o desempenho das fórmulas com ou sem ajuste por cor da pele, usando o CrCl como referência

Resultados
11514 participantes tiveram amostra de urina validada. MDRD-4 e CKD-EPI mostraram correlação positiva e moderada com a TFG medida (r =0,639 vs r =0,658 sem ajuste; r =0,613 vs r =0,582 com ajuste). Os gráficos de Bland-Altmann mostraram concordância entre a TFG medida e estimada, com diferenças limitadas a ±1,96 x DP. O ajuste por raça/cor aumentou a dispersão e diminuiu a concordância entre métodos. Após estadiamento da DRC, o ajuste para pele negra resultou no estadiamento divergente de 506 individuos na MDRD-4 e de 552 na CKD-EPI. Considerando a aplicação do ajuste incluindo pardos, a divergência na classificação surgiu em 1317 participantes para a MDRD-4 e para 1272 na CKD-EPI.

Conclusões/Considerações
Resultados sugerem que a correção por cor da pele nas fórmulas aumentou a dispersão dos dados na correlação e na concordância com a TFG medida, com aumento da variância e diminuição da acurácia das fórmulas. No estadiamento da DRC via fórmula sem ajustes, o fator cor da pele induziu divergências que podem ser deletérias na prática clínica, visto que a atribuição de cor é meramente subjetiva. Este trabalho prosseguirá com análise de subgrupos.