SA3.12 - ATENÇÃO AO CANCER: ANALISES DE DESIGUALDADES E PRATICAS DE CUIDADO (TODOS OS DIAS)
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43281 - DESLOCAMENTO ENTRE O MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA E O DA UNIDADE HOSPITALAR COMO FATOR ASSOCIADO AO CONTROLE DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO E DE MAMA NO ESTADO DO PARÁ MÁRCIO VINICIUS DE GOUVEIA AFFONSO - UFPA, VICTÓRIA BRIOSO TAVARES - UFPA, ALINE LOBATO DE FARIAS - UFPA, JOÃO SIMÃO DE MELO-NETO - UFPA
Apresentação/Introdução Dados do INCA apontam que o câncer de mama é a principal causa de morte no sexo feminino no Brasil, com exceção da região norte, onde o câncer de colo de útero prevalece. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama e do colo de útero foram de 14,23 e 5,33, respectivamente, por 100 mil habitantes. No estado do Pará, as taxas foram 11,22 para o câncer de mama e 12,46 para o câncer do colo de útero.
Objetivos Avaliar se o deslocamento entre o município de residência e o da unidade hospitalar, capital do estado, está associado ao tempo para início do tratamento e ao óbito nos casos do câncer do colo do útero e de mama no Pará, no período de 2013 a 2019.
Metodologia Estudo ecológico com base em dados secundários dos Registros Hospitalares do Câncer (RHC). Foram avaliados os indivíduos do sexo feminino com câncer de mama (C50) e do colo de útero (C53), sem tratamento prévio e que tiveram diagnóstico e tratamento iniciado na capital do Pará, Belém. As variáveis de estudo foram o deslocamento entre município de residência e da unidade hospitalar, o tempo para início do tratamento, definido como o intervalo entre a data do diagnóstico e a de início do tratamento, e o óbito. Testes de χ2 e U de Mann-Whitnney foram utilizados para identificar associações entre deslocamento e óbito, e deslocamento e tempo para início do tratamento, respectivamente.
Resultados Foram identificados neste estudo 2214 (48%) casos de câncer de mama e 2350 (52%) de colo do útero. Houve deslocamento entre municípios em 57,7% dos casos de câncer de mama e 71,2% dos casos do colo de útero. A mediana do tempo para início do tratamento do câncer de mama não apresentou diferença de acordo com o deslocamento (p = 0,09), já para o câncer do colo de útero, o tempo foi de 96 dias quando houve deslocamento e 81 dias quando não houve (p < 0,0001). Dos 450 óbitos por câncer do colo do útero, observou-se deslocamento em 61,6% dos casos, com valor de p < 0,0001. O mesmo não ocorreu nos casos de câncer de mama, onde houve deslocamento em 54,4% dos 252 óbitos (p = 0,28).
Conclusões/Considerações Observou-se maior tempo para início do tratamento e ocorrência de óbitos quando houve deslocamento entre o município de residência do indivíduo e o da unidade hospitalar nos casos de câncer do colo do útero no estado do Pará. Apesar da influência de características clínicas e individuais no óbito, este achado aponta fragilidades no acesso aos pontos de atenção da rede oncológica e também no caminho percorrido pelos usuários entre esses pontos.
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