SA3.6 - ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS NA APS: TERRITÓRIOS E INTEGRAÇÃO (TODOS OS DIAS)
|
41386 - MÉDICOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM ÁREAS RURAIS E REMOTAS CASSIANO MENDES FRANCO - UFRJ, LÍGIA GIOVANELLA - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução Em áreas rurais e remotas, a Atenção Primária à Saúde (APS) muitas vezes é recurso chave à saúde. No Sistema Único de Saúde (SUS), a Estratégia Saúde da Família (ESF) é modelo preferencial de APS. Os municípios rurais remotos (MRR) podem ser considerados como áreas com importantes singularidades, sendo preciso um olhar mais atento à organização das atividades na ESF.
Objetivos O objetivo geral deste trabalho é analisar o perfil de atuação dos médicos como força de trabalho em saúde (FTS) na APS em MRR brasileiros, à luz das experiências internacionais em acesso, organização da atenção e FTS na APS na saúde rural.
Metodologia Realizou-se entrevistas semiestruturadas com gestores municipais (51) e médicos (46) da ESF em 2019 em 27 MRR. Ademais, foi realizada revisão integrativa de literatura internacional acerca de APS em saúde rural, a partir de três categorias: acesso, organização da atenção à saúde e FTS. Executou-se análise de conteúdo das entrevistas orientada por categorias pré-definidas conforme revisão da literatura e categorias emergentes. As categorias incluíram vínculos trabalhistas, salários, carga horária e rotatividade dos médicos e duas dimensões principais na análise das entrevistas aos médicos: arranjos da atuação dos médicos no território e organização das atividades dos médicos na UBS.
Resultados Metade dos médicos dos MRR se graduou na Bolívia e o vínculo principal era o PMM. Caracterizou-se díspares remunerações, além de disputa predatória entre municípios, alta flexibilidade na carga horária, mas sem fixar profissionais e usuários às equipes da ESF. A rotatividade foi evidenciada por pouco tempo de atuação, também vista em enfermeiros. Exigência de salários elevados, distância da família e da capital do estado, áreas rurais de difícil acesso e influência política foram mencionados como entraves à fixação de FTS. Os médicos centravam-se nas sedes dos MRR. A assistência era desvinculada do território e organizada a partir da demanda espontânea, com ações no território raras e descontínuas.
Conclusões/Considerações Desafios em áreas rurais impõem concepções e abordagens inovadoras, diferentes da racionalidade urbana. MRR acentuam a necessidade de uma regulação com iniciativas públicas e solidárias a nível federal e regional no SUS. A dificuldade de fixação compromete a continuidade e qualidade do cuidado. A ESF em MRR requer modelos diferenciados, reforçando o vínculo com usuários e a interação com o território na APS em MRR.
|