Sessão Assíncrona


SA3.2 - ANÁLISES E DESAFIOS PARA POLITICAS DE CUIDADO DAS IST/HIV /AIDS (TODOS OS DIAS)

38796 - INCIDÊNCIA DE EVENTOS ADVERSOS DA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL EM MULHERES VIVENDO COM HIV/AIDS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE
JARDEL CORRÊA DE OLIVEIRA - UNISO, MAÍRA RAMOS ALVES - UNISO, LUIS PHILLIPE NAGEM LOPES - UFRJ, RODRIGO SUGUIMOTO IWAMI - UNISO, FABIANE RAQUEL MOTTER - UNISO, CRISTIANE DE CÁSSIA BERGAMASCHI - UNISO, MARCUS TOLENTINO SILVA - UNISO, ALEXANDER ITRIA - UFSCAR, DIOGO LUIS SCALCO - PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, DONAVAN DE SOUZA LUCIO - PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS


Apresentação/Introdução
Mais da metade das pessoas com HIV são mulheres. Porém, sua participação nos ensaios clínicos é só de 19%. O Brasil recomenda terapia antirretroviral (TARV) para todos com HIV. Elas parecem ter maior risco de toxicidade, com possíveis alterações menstruais e diminuição da densidade mineral óssea. Um desafio do SUS é garantir a adesão à TARV com manejo adequado dos eventos adversos nas mulheres.

Objetivos
Descrever a frequência, em mulheres, de descontinuação da TARV por eventos adversos, de eventos adversos totais, graves, sérios e relacionados a TARV, de eventos adversos no sistema reprodutor e na saúde óssea, de hospitalização e morte.

Metodologia
Os métodos estão descritos no artigo: “Sex differences and adverse events of antiretrovirals in people living with HIV/AIDS: a systematic review and meta- analysis protocol”, publicado no BMJ Open. Buscamos artigos publicados até 31/05/2021 no Medline, Embase, Cochrane, Lilacs, Epistemonikos e Global Index Medicus. Incluímos ensaios clínicos controlados e randomizados comparando diferentes TARV entre si ou com placebo. Excluímos análises post hoc, estudos com menos de 12 semanas, de mulheres grávidas ou amamentando e com coinfecção por tuberculose, hepatites B ou C. O risco de viés foi avaliado pelo Rob2 da Cochrane. Os resultados foram descritos em nº de eventos por 1000 pessoas-ano.

Resultados
Encontramos 35772 estudos. Depois da retirada das duplicatas e da seleção por títulos e resumos, ficaram 2095 para avaliação de texto completo. Incluímos 12 publicações, derivadas de 10 estudos, com 2871 mulheres que receberam pelo menos uma dose da TARV. A maior parte era multicêntrica e com financiamento da indústria farmacêutica. Nove dos estudos tinham alto risco de viés. A taxa de incidência média de descontinuação do tratamento por eventos adversos foi de 20,78 por 1000 pessoas-ano (ICr 95% 5,58-57,31), de qualquer evento adverso, 888,2 (ICr 95% 759,9-1045), de eventos graves, 96,34 (ICr 95% 55,04-158,9), e de morte, 4,47 (ICr 95% 1,42-7,91).

Conclusões/Considerações
Há uma escassez de informações sobre eventos adversos em mulheres em uso de TARV, derivada de estudos com alto risco de viés e potencial conflito de interesse. Os resultados de nossa revisão tiveram grande imprecisão, refletida em amplos intervalos de credibilidade. Novos estudos são necessários, como ensaios clínicos pragmáticos, que podem gerar resultados que se aproximem mais da realidade enfrentada na prática clínica diária.