Sessão Assíncrona


SA3.1 - SAÚDE DO ADOLESCENTE (TODOS OS DIAS)

41663 - VIOLÊNCIA COMUNITÁRIA, DESORDEM E AMBIENTE ESCOLAR SE ASSOCIAM COM VITIMIZAÇÃO E PERPETRAÇÃO DE BULLYING ENTRE ADOLESCENTES
CATARINA MACHADO AZEREDO - UFU, EMANUELE SOUZA MARQUES - UERJ, LETÍCIA MARTINS OKADA - UFU, MARIA FERNANDA TOURINHO PERES - USP


Apresentação/Introdução
O bullying possui determinantes individuais e contextuais. A violência comunitária e a desordem social podem ser determinantes contextuais do bullying, pois se associam a problemas internalizantes e levam a uma tolerância e normalização da violência como modelos de comportamento aceitáveis. O papel desses fatores não está bem determinado, e as evidências são principalmente de países de alta renda.

Objetivos
Nosso objetivo foi investigar a associação entre violência comunitária, desordem, ambiente escolar e bullying entre escolares.

Metodologia
Utilizamos dados de uma amostra representativa de adolescentes brasileiros do 9º ano (n=2.108) do Projeto São Paulo para o desenvolvimento social de crianças e adolescentes (SP - PROSO). Questionários foram aplicados a alunos e diretores das 119 escolas selecionadas. Características do ambiente escolar foram registradas em um roteiro de observação. Modelos de regressão logística multinível estratificados por sexo foram usados para avaliar a associação entre as variáveis de nível de estudante e escola/bairro e vitimização ou perpetração de bullying. O SP-PROSO foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Resultados
A vitimização foi relatada por 30% dos estudantes e a perpetração por 15%. Adolescentes que percebiam alta violência entre estudantes e alta desordem na escola relataram serem perpetradores e vítimas mais frequentemente. Meninos que percebiam alta violência e desordem comunitária na vizinhança relataram mais perpetração (OR=2,73;IC95%:1,57-4,74). Meninas que frequentavam escolas onde o diretor relatou alta violência e desordem comunitária na vizinhança (OR=10,24;IC95%:2,11-49,59) e dentro da escola (OR=6,83;IC95%:1,48-31,56) relataram mais perpetração. Meninos de escolas cujo diretor relatou alta violência entre alunos relataram menos vitimização e perpetração.

Conclusões/Considerações
Para ambos os sexos, a violência comunitária, a desordem e o ambiente escolar foram associados à vitimização e perpetração de bullying. Associações específicas do sexo devem ser investigadas em estudos futuros. O ambiente escolar e comunitário precisam ser considerados na elaboração de programas de prevenção de bullying entre adolescentes.