24/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC3.30 - TENDENCIAS E VULNERABILIDADES RELACIONADAS ÀS ENDEMIAS DE TUBERCULOSE E HANSENÍASE |
38296 - TUBERCULOSE EM PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2015 E 2019 JANAÍNA ROSENBURG GIOSEFFI - UFRJ, SANDRA MARA SILVA BRIGNOL - UFF, GUILHERME LOUREIRO WERNECK - UFRJ
Apresentação/Introdução A tuberculose (TB) é muito relevante para a saúde pública global e o Brasil se posiciona entre os 30 países com maiores incidências para a doença. Historicamente, a TB na cidade do Rio de Janeiro se mostra como a maior responsável pela mortalidade na população, sendo pessoas de menor renda e menor acesso à saúde mais acometidas, e pessoas em situação de rua têm 56 vezes mais risco de adoecimento para a doença.
Objetivos Traçar o perfil sociodemográfico e epidemiológico de pessoas em situação de rua notificadas para tuberculose entre os anos de 2015 e 2019 no município do Rio de Janeiro e analisar possíveis relações entre fatores selecionados e os desfechos da TB.
Metodologia Foi realizado estudo transversal com os dados do SINAN da SMS-RJ cuja população foi composta por todos os registros notificados de tuberculose em pessoas em situação de rua (PSR) no período e local do estudo. Foi realizada a análise estatística descritiva, seguida por análise de associação entre as variáveis sociodemográficas e epidemiológicas e os desfechos para TB (Cura, Abandono, Óbito, Outros) utilizando-se o teste qui-quadrado com nível de significância de 5%, seguido de regressão logística multinomial para obtenção da razão de chances (OR) como medida de associação e respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%).
Resultados O perfil das PSR com TB foi marcado pelo sexo masculino (74,9%), a maioria da raça negra (76,2%). A média de idade foi de 43,3 anos (DP = 12,0) e a faixa etária predominante foi a de 30 e 59 anos (78,5%). Das 2.001 notificações, o desfecho mais frequente foi o abandono do tratamento (43,3%), seguido por cura (29,9%) e óbito por TB (3,6%). As análises mostraram que raça negra (OR=1,4 IC95% 1,1–1,9), uso de drogas (OR=1,7 IC95% 1,3–2,3) e de álcool (OR=1,3 IC95% 1,0–1,7) foram fatores de risco para o abandono do tratamento e que as faixas etárias a partir de 30 anos (OR=0,7 IC95% 0,5–0,9) e a forma extrapulmonar OR=0,2 IC95% 0,1–0,6) foram fatores de proteção para o mesmo desfecho.
Conclusões/Considerações A vulnerabilidade das PSR se particulariza em perfis de raça e gênero, tal qual a TB, portanto é necessário reforçar que ações de prevenção e tratamento devem ser efetivas para aumentar o acesso aos serviços de saúde por essa população e o enfrentamento da TB nesse contexto. É também importante chamar a atenção para a alta proporção de dados incompletos dificultando as análises e indicando uma subnotificação para esse agravo.
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