Comunicação Coordenada

24/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC3.29 - DOENÇAS DE TRANSMISSÃO VETORIAL E SEU IMPACTO NO BRASIL

41900 - ABORDAGEM AMPLIADA À LEISHMANIOSE CUTÂNEA EM ÁREAS ENDÊMICAS NO BRASIL A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA SINDÊMICA
MARCIGLEI BRITO MORAIS - ISC/UFBA, LEO PEDRANA - ISC/UFBA, BRUNO OLIVEIRA COVA - HUPES/UFBA, PAULO ROBERTO LIMA MACHADO - HUPES/UFBA, LISA DIKOMITIS - KMMS/UK, LENY ALVES BOMFIM TRAD - ISC/UFBA


Apresentação/Introdução
O estudo analisa as contribuições da abordagem sindêmica para subsidiar intervenções coordenadas, intersetoriais e abrangentes, de enfrentamento à leishmaniose cutânea em áreas endêmicas. A literatura consolida uma robusta compreensão dos fenômenos biomédicos, aspectos fisiopatológicos, epidemiológicos, clínicos, tratamento, controle e prevenção, mas é incipiente quanto aos impactos psicossociais.

Objetivos
Analisar os processos e interações biopsicossociais, imprescindíveis para superar a centralidade do modelo assistencial biomédico, para orientar os serviços de saúde na estruturação do cuidado às pessoas com leishmaniose cutânea.

Metodologia
Assume a cartografia como método para entrar no território, traçar linhas, mapeá-lo, acompanhar movimentos, conexões e fluxos das redes de cuidado à leishmaniose cutânea. A abordagem sindêmica emerge da observação e imersão in loco em área endêmica do Brasil, no município de Valença, região do Baixo Sul da Bahia, a partir do projeto “ECLIPSE-Empoderando pessoas com Leishmaniose Cutânea”. Trata-se de uma pesquisa e programa de intervenção desenvolvido em três países impactados pelos processos de negligência à LC: Sri Lanka, Etiópia e Brasil, coordenado por instituições de investigação acadêmica dos respectivos países e Reino Unido.

Resultados
Tendo como eixo central a (re)produção de negligências pelo estado, as vulnerabilidades e os itinerários de cuidado nas comunidades rurais, são perceptíveis que o enfrentamento da leishmaniose cutânea não pode ser reduzido ao foco na doença em si, modelada por uma orientação biomédica. A doença atinge majoritariamente pessoas negras, de baixa renda e escolaridade, impactadas pela exclusão social e a ausência de políticas públicos nas comunidades. O conceito de sindemia permite ampliar a compreensão das interações biopsicossociais e fortalecer o vínculo entre a visão biomédica de desenvolvimento da doença com as forças sociais de grande amplitude, que favorecem a sua ocorrência e as agrava.

Conclusões/Considerações
A abordagem sindêmica possibilita analisar as interações sinérgicas entre as doenças e contextos que as exacerbam, de forma a orientar a implantação de políticas públicas abrangentes, integradas, intersetoriais, mais conectadas com a realidade em sua complexidade. É recomendado a mudança das estratégias em direção à atenção integral do cuidado, a partir da estruturação de redes de atenção à saúde, coerentes com as demandas da comunidade.