Comunicação Coordenada

24/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC3.28 - DESIGUALDADES E DESAFIOS PARA O ACESSO AOS MEDICAMENTOS E TECNOLOGIAS EM SAÚDE

43757 - OS CUSTOS FINANCEIROS EM PERDAS DE DOSES DE VACINAS NO CONTEXTO DE DESFINANCIAMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
SCHEILA MAI - UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOS SINOS- UNISINOS, ROGER DOS SANTOS ROSA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL-UFRGS, FÁBIO HERRMANN - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE-UFCSPA, JUVENAL SOARES DIAS DA COSTA - UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOS SINOS- UNISINOS, VANIA CELINA DEZOTI MICHELETTI - UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOS SINOS- UNISINOS


Apresentação/Introdução
A imunização é um componente essencial do direito humano à saúde. Em um país desigual como o Brasil, garantir o acesso às vacinas é uma das estratégias de efetivação de um sistema de saúde universal, integral e gratuito. A implementação do SUS garantiu inúmeras conquistas, como ampliação de vacinas, mas o sucesso de um programa de imunização depende da oferta e suprimento adequado.

Objetivos
Estimar o custo financeiro desperdiçado, pela perda de doses de vacinas na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no período de 2015 a 2017.

Metodologia
Trata-se de estudo retrospectivo, descritivo realizado a partir de dados secundários do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações(PNI) e do Sistema de Informação de Insumos Estratégicos (SIES). Foram coletados dados dos 34 municípios que compõem a região metropolitana de Porto Alegre-RS, incluindo nove imunobiológicos contemplados no Calendário Nacional de Vacinação, sendo cinco com apresentação multidose, três monodose e uma com ambas as apresentações. Para os cálculos de utilização e perda de doses considerou-se as fórmulas sugeridas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os resultados foram apresentados em intervalos de confiança de 95%.

Resultados
A taxa média de perda de doses foi de 45,8% (IC95% 39,5-51,7) e a de utilização 54,2% (IC95% 48,3-60,5). As vacinas com maior perda foram a Tríplice Viral (68,8%; IC95% 66,5-71,1) e a BCG (68,1%; IC95% 65,4-70,7). Quanto ao frasco, para as multidoses a perda foi 56,7%, para monodose 29,1%. Para vacinas multidose a perda anual foi quatro vezes maior que o aceitável pela OMS, já para os frascos monodose foi vinte vezes maior. O desperdício de 2.886.039 doses, representou aproximadamente R$10,5 milhões no triênio, média anual de R$ 3,5 milhões, em um cenário que representa menos de 2% do total do território nacional.

Conclusões/Considerações
As taxas de perda excederam o limite aceitável da OMS para todas as vacinas analisadas. Os custos com perdas de doses de vacinas tem onerando recursos públicos que poderiam subsidiar investimentos em melhorias do sistema de saúde. É necessário consolidar estratégias para reduzir esses custos. Para além, perda sem monitoramento pode levar a produção e aquisição insuficiente de vacinas, assim o desabastecimento pode impactar na cobertura vacinal.