Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC3.26 - EXPERIENCIAS E AVANÇOS EM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

38460 - EXPERIÊNCIAS DE OBSTETRIZES INSERIDAS EM HOSPITAIS DO SUS: DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA ASSISTÊNCIA AO PARTO HUMANIZADA
PRISCILA KISELAR MORTELARO FRANCESCHINI - CRIA CASA DE PARTO, JESSICA FERNANDES CIRELLI - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Apresentação/Introdução
No Brasil, observa-se com clareza os efeitos negativos da centralidade da tecnologia na atenção ao parto. Tendo isso em vista, a humanização da assistência passou a fundamentar as políticas, programas e ações direcionadas à saúde materno-infantil. Partindo da premissa que obstetrizes são agentes centrais na efetivação da humanização, analisamos relatos dessas profissionais em contexto hospitalar.

Objetivos
O objetivo foi analisar relatos de experiências de obstetrizes na implementação do modelo humanizado em hospitais do SUS, identificando dificuldades enfrentadas e estratégias de resistência aos entraves institucionais por meio da análise discursiva.

Metodologia
Este relato de pesquisa se insere em uma tradição qualitativa de pesquisa científica. Mais especificamente, partimos do referencial teórico-metodológico da pesquisa sobre práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano, cunhado no âmbito da Psicologia Social. Para atingir nossos objetivos, realizamos entrevistas semiestruturadas com cinco obstetrizes formadas pela Universidade de São Paulo. O conteúdo das entrevistas foi analisado por meio do uso de mapas dialógicos, ferramenta característica do referencial teórico-metodológico adotado. Utilizando os mapas, agrupamos os enunciados das entrevistadas sobre as dificuldades encontradas na implementação do modelo humanizado no hospital.

Resultados
Os resultados apontam que implementar uma assistência hospitalar humanizada enfrenta certos entraves institucionais. Tendo em vista que nem toda a equipe promove uma assistência segura com o mínimo de intervenções, como recomenta o Ministério da Saúde, as obstetrizes acabam trabalhando em um regime de redução de danos. Podemos perceber que há uma tensão entre o ideal da humanização e o que se consegue fazer nesses serviços onde o paradigma tecnocrático de atenção ao parto se encontra em tensão com o paradigma humanizado. Nos discursos analisados, fica evidente que as obstetrizes atuam de maneira a minimizar procedimentos mais invasivos, mesmo que isso implique intervir no trabalho de parto.

Conclusões/Considerações
O excesso de intervenções se relaciona intrinsecamente com o local de parto. Tendo em vista que parteiras diplomadas têm pouca autonomia no hospital, argumentamos que a implementação de um modelo humanizado deve vir acompanhada dos locais da assistência. Evidencia-se, portanto, a necessidade de ambientes que permitam maior autonomia dessas profissionais, para a consolidação das políticas de humanização, como centros de parto extra hospitalares.