23/11/2022 - 13:10 - 14:40 CC3.24 - CUIDADO EM SAÚDE MENTAL E A ARTICULAÇÃO DA RAPS |
43748 - QUANDO A DOR NÃO CABE EM CÁPSULAS: UMA REVISÃO SOBRE INFLUÊNCIAS QUE LEVAM À MEDICALIZAÇÃO DO SOFRIMENTO MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ANNA SILVIA DE OLIVEIRA FAÇANHA - ENSP - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução A definição de saúde mental da Organização Mundial de Saúde afirma que saúde mental refere-se a um bem estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para sua comunidade. Problematiza-se a complexidade do termo sendo perpassado pela ordem ideológica, política, social e cultural.
Objetivos Entender fatores que influenciam o profissional da Atenção Primária à Saúde a prescrever psicotrópicos em casos de sofrimento mental;
Identificar fatores relacionados aos usuários para que ocorra a farmacologização em saúde mental.
Metodologia A partir da busca na base de dados BVS, com os descritores “Medicalização” AND “Saúde Mental” AND “Atenção Primária à Saúde”, foram encontrados 31 artigos.
Critérios de inclusão: Estudos com seres humanos; Abordagem de medicalização de seres humanos com psicotrópicos; Estar no contexto da Atenção Primária à Saúde.
Critérios de exclusão: Estudos voltados para usuários em uso de álcool e drogas ilícitas; Estudos realizados com crianças e adolescentes; Artigos realizados em contexto fora da Estratégia de Saúde da Família; Revisões bibliográficas.
3 artigos excluídos por serem repetidos; 8 após leitura do título; 9 após leitura do resumo; 3 após leitura do artigo, totalizando 8 selecionados ao final.
Resultados Evidenciou-se a relação de poder entre o médico e o usuário, mostrando a dificuldade do acesso ao cuidado, mesmo ao acessar o serviço de saúde, como para renovar receita. Foi vista a medicalização como um fenômeno social, onde os psicotrópicos são utilizados para amortizar as emoções decorrentes dos aspectos existenciais básicos inerentes ao ser humano. Descoberto o termo “desmentecalização”, como desmedicalização da mente, e trouxe a questão das renovações de receitas sucessivas sem consulta ou acompanhamento. Houve a visão do usuário a respeito, onde o acesso ao remédio representaria o indicador de resolubilidade do cuidado, satisfação com o tratamento e única forma de ficar bem.
Conclusões/Considerações A farmacologização e as renovações de receitas são consideradas formas principais de cuidado pela visão do médico e do usuário, uma vez que são vistas como indicador de bom cuidado em saúde mental. O que leva o profissional a renovar receita desta forma? Será por descaso com o usuário ou seria por alta pressão assistencial, falta de tempo e não-priorização desta questão, uma vez que o usuário se torna satisfeito por não faltar o remédio?
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