Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC3.17 - ESTUDOS DE MORBI MORTALIDADE: TENDENCIAS E ASSOCIAÇÕES

43636 - ÓBITOS POR AIDS ENTRE JOVENS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO EM 2020: PERFIL E FATORES DE EVITABILIDADE ASSOCIADOS À LINHA DE CUIDADO DAS PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS (PVHA)
AMANDA DANTAS BRANDÃO - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, ADRIANA ARAUJO PINHO - INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, MARCELLA MARTINS ALVES TEOFILO - GERÊNCIA DE IST/AIDS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO, DENISE RIBEIRO FRANQUEIRA PIRES - GERÊNCIA DE IST/AIDS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO, JULIANA REBELLO GOMES - GERÊNCIA DE IST/AIDS DA SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO


Apresentação/Introdução
Em 2020, a maior taxa de detecção de Aids no Brasil foi observada no grupo jovem, de 20 a 29 anos. No mesmo ano, o estado do Rio de Janeiro foi o quarto estado com a maior taxa de detecção e o terceiro com o maior coeficiente padronizado de mortalidade por Aids. Entende-se que mortes por Aids podem ser consideradas evitáveis, no contexto de acesso universal à TARV, particularmente entre jovens.

Objetivos
O objetivo do estudo foi descrever o perfil sociodemográfico e clínico-assistencial dos jovens de 15 a 24 anos que vieram a óbito por Aids no estado do Rio de Janeiro em 2020 e os fatores de evitabilidade relacionados a estes óbitos.

Metodologia
Foram analisados dados secundários dos sistemas de Mortalidade (SIM), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Controle de Exames Laboratoriais da Rede Nacional de Contagem de Linfócitos CD4+/CD8+ e Carga Viral do HIV (SISCEL) e Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM). Para estudo das trajetórias assistenciais e fatores associados ao óbito (fatores de evitabilidade), realizou-se análise de dados dos sistemas de informação citados acima e análise documental de fichas e relatórios de reuniões de investigação de óbito. As trajetórias clínico-assistenciais daqueles diagnosticados com HIV foram analisadas separadamente dos diagnosticados já com Aids.

Resultados
A maioria dos óbitos em jovens ocorreu em pessoas do sexo masculino (72,9%), negras (69,4%), solteiras (94,2%) e de baixa escolaridade (61,2%). Um terço não foi notificado(a); em 34,1% dos casos o diagnóstico de Aids se deu muito próximo do óbito e não possuíam SISCEL. Dentre os que possuíam (65,8%), quem foi diagnosticado com HIV realizou mais TARV (94,4%), possuía maior tempo de seguimento, frequência de abandono (88,2%) e de supressão viral (75,0%) do que os que foram diagnosticados com Aids. Na análise das trajetórias de 14 casos, “diagnóstico tardio” foi o fator mais observado; depois, “demora entre diagnóstico e vinculação/início de TARV”; “dificuldade de adesão” e “abandono de TARV”.

Conclusões/Considerações
Os achados desta pesquisa estão alinhados com o perfil dos óbitos por Aids na população brasileira, composto em sua maioria por homens negros, o que aponta para desigualdades no acesso ao diagnóstico e tratamento do HIV. Boa parte dos jovens foi diagnosticada já em estado avançado da doença, houve alta prevalência de abandono e de subnotificação, indicando fragilidades na vigilância do HIV e nas políticas de prevenção e linha de cuidado das PVHA.